PF avança em investigação sobre o pastor Silas Malafaia

As investigações da Polícia Federal (PF) sobre o pastor Silas Malafaia avançaram significativamente nos últimos dois meses, revelando seu suposto papel central em ações coordenadas contra o Supremo Tribunal Federal (STF). A apuração ocorre no âmbito do inquérito que investiga tentativa de coação à Corte e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Desde a operação deflagrada em 20 de agosto — quando foram apreendidos o celular, documentos e o passaporte do pastor — o material já passou por perícia, e os resultados têm reforçado as suspeitas contra Malafaia.

Segundo relatório da PF, o líder religioso teria atuado diretamente na criação, produção e disseminação de conteúdos contra ministros do STF, por meio de diferentes canais digitais, em ações previamente organizadas e com alta capacidade de mobilização.

“Identificou-se que Malafaia atuou em ações de criação, produção e divulgação de ataques a ministros do STF, de forma previamente ajustada, por multicanais, em alto volume e direcionada a parcela do público sob sua influência”, aponta o documento da PF.

Liderança e articulação internacional

A Polícia Federal também investiga o envolvimento de Malafaia em articulações que extrapolam o território nacional. Segundo os investigadores, há indícios de que ele tenha participado de negociações com o objetivo de estimular os Estados Unidos a praticarem “atos hostis” contra o Brasil — uma referência a pressões diplomáticas e à disseminação de desinformação no exterior.

Na decisão que autorizou as medidas cautelares, o ministro Alexandre de Moraes foi taxativo ao apontar a gravidade das evidências:

“Os diálogos mostram que Silas exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado, que tem por finalidade coagir os ministros do Supremo e outras autoridades brasileiras, com claros atos executórios no sentido de coação no curso do processo e tentativa de obstrução à Justiça.”

Medidas restritivas e isolamento político

Desde agosto, Malafaia está proibido de manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o deputado federal Eduardo Bolsonaro — ambos também investigados no mesmo inquérito. A medida visa evitar qualquer tipo de interferência nas investigações ou tentativa de alinhamento de versões.

Nos bastidores, a ofensiva contra Malafaia é vista como mais uma etapa da estratégia de desarticulação do núcleo político-religioso que teria atuado na instigação de atos antidemocráticos desde as eleições de 2022.

Reações e próximos passos

A defesa de Malafaia tem mantido silêncio público sobre o conteúdo da investigação, limitando-se a afirmar que o pastor “nunca praticou qualquer ato ilegal” e que confia no esclarecimento dos fatos.

Fontes ligadas ao caso afirmam que novas diligências estão previstas, inclusive com base em dados extraídos do aparelho celular e de mensagens criptografadas, cujos conteúdos estariam sendo decodificados.

A expectativa é de que novos desdobramentos ocorram nas próximas semanas, podendo incluir denúncias formais, novas quebras de sigilo e o possível indiciamento de outros líderes religiosos e políticos ligados ao grupo investigado.

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Bruno Rigacci

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