Carlos Bolsonaro ironiza Mauro Cid após condenação no STF
Um dia após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por participação em tentativa de golpe de Estado, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) voltou a atacar o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator no caso.
“Parabéns pelo que fez na história brasileira, Mauro Cid!”, escreveu Carlos nas redes sociais na manhã desta sexta-feira (12), em tom de ironia.
Mauro Cid foi um dos oito condenados pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada. No entanto, graças ao acordo de delação premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o militar recebeu a pena mais branda entre os réus: dois anos em regime aberto.
Delação premiada virou alvo da base bolsonarista
Desde que o conteúdo de sua delação veio à tona, Cid se tornou um dos principais alvos de críticas por parte da base bolsonarista. Em seus depoimentos, ele entregou detalhes sobre reuniões, documentos e planos de aliados de Bolsonaro para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a eleição de 2022.
A delação foi considerada crucial para a formação da convicção dos ministros do STF. Entre os pontos abordados, Cid teria citado também o suposto envolvimento de Carlos Bolsonaro no chamado “gabinete do ódio”, grupo responsável pela disseminação de ataques e fake news nas redes sociais durante o governo do pai.
Em fevereiro, o vereador já havia reagido com dureza:
“Cada segundo fica mais claro que o Coronel das Forças Especiais, com ‘curso de bolinhas de gude e peteca’, conhecido como Mauro Cid, não é apenas um pobre coitado que sofria ameaças para delatar. Em suas colocações assinadas, expõe falsas acusações sem provar nada a todo momento”, escreveu Carlos na época.
O papel de Mauro Cid no processo
O ex-ajudante de ordens do Planalto foi peça-chave para a investigação. Sua colaboração forneceu provas documentais, depoimentos e cronologia dos encontros nos quais Bolsonaro e aliados teriam discutido medidas para contestar e tentar reverter o resultado da eleição.
Embora condenado pelos mesmos cinco crimes que os demais réus — incluindo tentativa de golpe e dano ao patrimônio público — Cid foi beneficiado pela colaboração com a Justiça, o que causou revolta entre os defensores do ex-presidente.
Repercussão internacional e tensões políticas
A condenação de Bolsonaro teve repercussão global. Nos Estados Unidos, uma deputada republicana criticou o julgamento e chamou a decisão do STF de “vingança política”. Já no Brasil, aliados do ex-presidente, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também se manifestaram contra a sentença.
Além disso, o Superior Tribunal Militar (STM) vai julgar em breve a possível perda da patente de Mauro Cid, Bolsonaro e outros militares condenados pelo Supremo, o que poderá aprofundar a crise institucional.
O que esperar agora?
Enquanto os advogados de Bolsonaro se preparam para apresentar recursos, o clima entre os aliados mais próximos do ex-presidente é de revolta e desconfiança interna, especialmente em relação aos que colaboraram com a Justiça. A figura de Mauro Cid, antes discreta, agora ocupa o centro de uma batalha narrativa dentro da direita brasileira — visto por uns como traidor, por outros como alguém que apenas cumpriu seu dever legal.
A guerra política e jurídica em torno da condenação de Bolsonaro está longe de terminar — e o papel de Cid promete continuar sendo um ponto de conflito dentro da própria base bolsonarista.