Nova tarifa dos EUA inviabiliza exportação de carne bovina brasileira

As novas tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, especialmente a carne bovina, começaram a gerar fortes reações dentro do setor produtivo nacional. Segundo o presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), Roberto Perosa, a medida “torna inviável” a continuidade das exportações para o mercado norte-americano.

“Com essa tarifa, nossos produtos perdem totalmente a competitividade. Isso inviabiliza economicamente as exportações de carne bovina aos Estados Unidos”, afirmou Perosa em nota oficial divulgada neste sábado.

A decisão do presidente Donald Trump, anunciada em meio a críticas à participação do Brasil na cúpula do Brics e declarações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi recebida com perplexidade tanto por empresários quanto por autoridades diplomáticas brasileiras.

A medida afeta um setor estratégico para o agronegócio nacional. Em 2024, os Estados Unidos foram o terceiro maior destino da carne bovina brasileira, com uma fatia relevante da receita de exportações. Agora, os frigoríficos avaliam redirecionar parte da produção para mercados asiáticos e do Oriente Médio.

Contexto político

A imposição da tarifa foi acompanhada de uma carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que o norte-americano classificou o Brics como um grupo que “mina os interesses dos EUA” e as investigações contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas”. A reação internacional já vinha se intensificando com críticas públicas da deputada republicana María Elvira Salazar ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes.

Apesar da gravidade econômica, aliados de Lula afirmam que, do ponto de vista político, o apoio explícito de Trump a Bolsonaro pode acabar prejudicando o ex-presidente. Nos bastidores do Planalto, a avaliação é que o gesto do republicano reforça a imagem de ingerência externa, o que costuma gerar rejeição no eleitorado brasileiro.

“Ele [Trump] fez um favor”, ironizou um ministro petista, sob condição de anonimato.

Reação oficial

O governo Lula ainda não divulgou uma resposta formal à tarifa, mas o Itamaraty está coordenando uma avaliação jurídica e diplomática sobre possíveis retaliações ou medidas em foros internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Enquanto isso, o setor agropecuário pressiona por uma resposta rápida e contundente. “O prejuízo é real e imediato. Precisamos de proteção e de novos mercados”, concluiu Roberto Perosa.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies