De olho na reeleição, ex-bolsonarista que se aliou ao governo do PT protocola notícia-crime contra Lula e Janja

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), conhecido por seu passado bolsonarista e por sua surpreendente aproximação recente com o presidente Lula, agora parece tentar uma reviravolta estratégica. Nesta terça-feira (8), ele protocolou uma notícia-crime contra o próprio presidente da República e a primeira-dama Janja, pedindo que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue a visita presidencial à Favela do Moinho, em São Paulo.

Otoni afirma que o evento foi articulado por uma ONG que teria ligações com a facção criminosa PCC. Segundo ele, a relação entre o governo e essa entidade pode configurar graves crimes como prevaricação, advocacia administrativa e até associação criminosa.

Na representação, o deputado justifica:

“Os fatos narrados revelam indícios suficientes da possível prática de ilícitos penais por parte de autoridades públicas federais, incluindo o presidente da República e a primeira-dama, notadamente diante do contexto de reuniões institucionais mantidas com associação comunitária que, conforme amplamente divulgado pela imprensa, mantém vínculos com organização criminosa de alta periculosidade — o Primeiro Comando da Capital (PCC)”.

É curioso — para não dizer trágico — observar esse movimento pendular de Otoni de Paula. Há poucos meses, o parlamentar trocava acenos com o Planalto e chegou a amenizar sua retórica crítica em relação ao governo petista. Agora, aparentemente guiado por conveniências políticas ou pressões eleitorais, tenta reocupar o espaço da direita combativa que já frequentou no passado.

Mas há um problema para Otoni: sua aproximação com Lula e o PT dificilmente será esquecida pelos eleitores mais ideológicos, tanto da esquerda quanto da direita. Para muitos, essa guinada tardia soa menos como redenção e mais como cálculo eleitoral.

O que se vê, mais uma vez, é a política sendo usada como palco para encenações de conveniência. O deputado, que agora tenta vestir novamente o figurino do opositor ferrenho, talvez precise de mais que uma notícia-crime para recuperar a confiança dos que se sentem traídos pela sua guinada ideológica.

A dúvida que fica: estamos diante de um ato de coragem tardia ou apenas mais um capítulo da velha novela do oportunismo político à brasileira?

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Bruno Rigacci

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