CPI do Crime Organizado vai começar e pode trazer assombrosas revelações
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou nesta terça-feira (2) a leitura do requerimento que oficializa a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado. A comissão terá como objetivo investigar a atuação, a expansão e o funcionamento de facções criminosas e milícias em todo o território nacional.
A proposta é de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e já conta com 31 assinaturas — número superior ao mínimo exigido. A próxima etapa será a indicação dos membros pelos partidos, com previsão de instalação do colegiado após o recesso legislativo de julho. A CPI será composta por 11 senadores titulares e 7 suplentes, com prazo inicial de 120 dias e teto de despesas fixado em R$ 30 mil.
Segundo Alcolumbre, a criação da CPI foi acordada para ocorrer após o encerramento da CPI das Apostas Esportivas, encerrada na semana passada. O presidente do Senado ressaltou que a nova comissão terá um papel essencial na análise da estrutura e da atuação das organizações criminosas, com o objetivo de propor mudanças na legislação que fortaleçam o combate ao crime organizado.
“A CPI vai investigar o modus operandi dessas organizações, suas formas de instalação nas diferentes regiões do país e como funcionam internamente. O objetivo é buscar soluções legislativas concretas e eficazes para esse grave problema nacional”, explicou Alcolumbre.
Durante a sessão no Plenário, Alessandro Vieira agradeceu a leitura do requerimento e destacou a gravidade do tema. Para o senador, a CPI poderá se tornar uma das mais relevantes dos últimos anos, caso os trabalhos sejam conduzidos com seriedade.
“O crime organizado hoje domina o território brasileiro em proporção cada vez mais crescente. Está presente em atividades econômicas relevantes e, infelizmente, infiltrado em estruturas do poder público. Precisamos dar voz a quem enfrenta o crime de verdade: os profissionais de segurança pública. Essa CPI será fundamental para apontar caminhos democráticos e eficazes no combate a essas organizações”, afirmou Vieira.
Dados alarmantes
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 47,3 mil mortes violentas intencionais em 2022 — uma taxa de 23,3 homicídios por 100 mil habitantes, o que coloca o país entre os 20 mais violentos do mundo, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
O impacto econômico do crime organizado também é expressivo. Estima-se que, apenas com o tráfico internacional de cocaína para a Europa, facções brasileiras poderiam lucrar até R$ 335 bilhões, considerando o volume de droga apreendido no país. Já as milícias, como as que atuam na Zona Oeste do Rio de Janeiro, dominam territórios e lucram com cobranças ilegais por serviços como transporte, energia e segurança clandestina.
Alessandro Vieira reforçou que a CPI terá como foco investigar essas estruturas, responsabilizar os envolvidos e propor mudanças legislativas robustas. “As facções e milícias cresceram de forma assustadora, sem uma resposta coordenada do Estado. Essa CPI é uma chance real de virar esse jogo”, concluiu o senador.