Procurador da República desmoraliza narrativa de Lula para justificar o aumento do IOF

A discussão em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ganhou novos contornos após a reação da esquerda à proposta de redução ou eliminação do tributo, vista por setores conservadores como um alívio fiscal necessário, especialmente para os mais pobres. Enquanto a militância petista insiste em afirmar que “pobre não paga IOF”, a realidade, segundo especialistas e autoridades, é bem diferente.

O PSOL, braço ideológico do PT, já ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do IOF. O deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP), foi além: convocou uma manifestação pública em defesa da manutenção — ou até do aumento — do imposto, uma atitude inédita no cenário político recente.

Em meio ao debate, uma publicação feita pelo procurador da República Hélio Trelho, no X (antigo Twitter), viralizou ao desmontar a narrativa propagada pela esquerda:

“É mentira que IOF é imposto que só rico paga.”

Trelho listou exemplos concretos de situações em que trabalhadores, pobres e classe média arcam com o IOF:

  • Compras parceladas no crediário

  • Financiamentos para carros populares ou usados

  • Empréstimos consignados

  • Uso do rotativo do cartão de crédito

  • Empréstimos via Crédito Direto ao Consumidor (CDC)

  • Cheque especial

“O IOF não é um imposto progressivo: ele é cobrado proporcionalmente ao valor da operação financeira, sem considerar a renda do contribuinte. Assim, quem mais depende de crédito — geralmente pessoas de menor renda e classe média — acaba pagando proporcionalmente mais IOF em relação à própria renda”, explicou o procurador.

A fala ecoou entre economistas e tributaristas, que há anos defendem uma reforma que elimine impostos regressivos como o IOF, que penalizam justamente quem mais precisa recorrer a linhas de crédito — ou seja, os mais vulneráveis economicamente.

O que está em jogo

A proposta de extinção ou redução do IOF entrou em pauta após parlamentares sugerirem ajustes para aliviar a carga tributária indireta que pesa sobre o consumo e o crédito. Mas a resistência vem forte do campo progressista, que não só quer manter o tributo, como agora busca judicializá-lo no STF, numa estratégia para blindar o imposto via Judiciário.

A iniciativa causou surpresa e revolta entre setores que tradicionalmente criticam a alta carga tributária sobre a população. Para muitos, a esquerda abandonou qualquer discurso de justiça fiscal ao defender um imposto que atinge em cheio os que ganham menos.

Enquanto isso, a manifestação convocada por Boulos, segundo seus apoiadores, teria como objetivo “impedir a renúncia fiscal dos ricos”. Críticos, por sua vez, acusam o PSOL de promover uma inversão moral, ao lutar abertamente pela manutenção de um imposto que atinge os pobres, em nome de um discurso ideológico vazio.

Fato: o IOF pesa no bolso de quem menos pode. E a narrativa de que ele atinge apenas os “ricos do sistema financeiro” é, no mínimo, desonesta.

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Bruno Rigacci

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