Moraes teria desabafado que Bolsonaro “acabou com a vida dele”, revela Mauro Cid
Mensagens privadas atribuídas ao tenente-coronel Mauro Cid revelam um suposto desabafo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e levantam a hipótese de que o magistrado estaria agindo motivado por ressentimento pessoal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O conteúdo veio à tona nesta segunda-feira (23), após ser anexado a uma ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado.
De acordo com as conversas obtidas pela imprensa, Cid relatou ao advogado Eduardo Kuntz — defensor do assessor presidencial Marcelo Câmara, também investigado — que Moraes teria afirmado que Bolsonaro “acabou com a vida dele”. O comentário teria sido feito ao comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, que por sua vez teria repassado a fala ao general Lourena Cid, pai de Mauro Cid.
“A prisão do Câmara é uma vergonha. Você sabe que a pressão é pra tentar f… Mas ele [Moraes] não vai soltar tão cedo. Ele tem raiva e ódio. Ele acha que PR [Bolsonaro] acabou com a vida dele… (CMT EB que conversou com ele e passou para o meu pai)”, escreveu Cid.
“Ele vai querer acabar com a vida do PR e do entorno”, completou.
Conversas anexadas ao processo
As mensagens foram registradas em ata notarial por Kuntz e posteriormente incluídas nos autos da ação penal conduzida pelo STF, que investiga Bolsonaro e aliados por suposta tentativa de subverter o resultado das eleições e tramar um golpe de Estado. Cid, que atuava como ajudante de ordens da Presidência, firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e tem colaborado com as investigações.
A defesa de Bolsonaro questiona a validade do acordo de colaboração de Cid, alegando que o militar não poderia manter contato com advogados de outros investigados. Mesmo assim, fontes do STF indicam que as informações fornecidas por Cid podem continuar a ser usadas judicialmente, ainda que o acordo venha a ser anulado ou revisto.
Clima de tensão e acusações cruzadas
A revelação acrescenta mais um capítulo à crise institucional entre aliados do ex-presidente e membros do Judiciário. Moraes tem sido alvo constante de críticas do campo bolsonarista, acusado de perseguição política e de extrapolar os limites de sua atuação como ministro do STF.
Por outro lado, o Supremo sustenta que as investigações seguem critérios técnicos e legais, diante de indícios robustos de ações que colocaram em risco a ordem democrática.
Até o momento, nem o ministro Alexandre de Moraes nem o Supremo Tribunal Federal se pronunciaram oficialmente sobre o teor das mensagens atribuídas a Mauro Cid.