Enfim, General Mourão resolve erguer a voz contra ministro do STF

Em uma guinada de postura, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) fez duras críticas ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), após declarações nas quais o magistrado admitiu ter recorrido a apoio internacional para garantir a estabilidade democrática durante as eleições de 2022. Segundo Barroso, os Estados Unidos desempenharam papel “decisivo” para conter uma tentativa de golpe no Brasil.

A fala do ministro gerou forte reação de Mourão, que classificou a declaração como uma “confissão de traição à pátria”, acusando Barroso de comprometer a soberania nacional ao buscar auxílio estrangeiro em assuntos internos do país.

“Traição à Pátria”, afirma Mourão

Em publicação nas redes sociais, o ex-vice-presidente da República afirmou que a fala do ministro é a prova de que houve interferência internacional para impedir a vitória de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.

“A confissão do ministro Barroso sobre seus contatos com o governo Biden, um verdadeiro caso de traição à Pátria, demonstra claramente que o establishment fez de tudo para impedir a vitória do presidente Bolsonaro. Agora querem encarcerá-lo junto com alguns militares, tudo para manter a narrativa fake de que salvaram a democracia”, escreveu Mourão.

O senador ainda ironizou a declaração de Barroso, referindo-se ao que seria um esforço coordenado da elite política para manter o sistema sob controle. A citação a uma “certa PR” (possivelmente uma alusão à ex-presidente Dilma Rousseff) foi usada como crítica ao uso de justificativas retóricas para decisões políticas controversas.

Declarações de Barroso e reação política

A polêmica teve início quando o ministro Barroso, durante um evento público, revelou que, enquanto presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estabeleceu diálogo com autoridades norte-americanas para blindar o processo eleitoral de 2022 contra ameaças de ruptura democrática. Segundo ele, o apoio internacional foi fundamental para neutralizar movimentos golpistas.

A revelação reacendeu debates sobre interferência externa versus cooperação internacional, tema sensível em contextos eleitorais. Para a ala conservadora, o gesto de Barroso configura submissão a interesses estrangeiros; para aliados do ministro, trata-se de diplomacia institucional para preservar a democracia.

Mourão rompe o silêncio após críticas da direita

Conhecido por seu perfil moderado, Mourão vinha sendo criticado por não reagir publicamente às ações do STF e ao tratamento dado a aliados da direita, como Nikolas Ferreira e Silas Malafaia. Seu silêncio era interpretado por parte da base bolsonarista como omissão.

Com a nova declaração, Mourão reaproxima-se da base conservadora, adotando um tom mais combativo. Influenciadores e parlamentares celebraram sua manifestação, classificando-a como uma retomada de sua postura em defesa das Forças Armadas, da soberania e das prerrogativas institucionais.

Soberania nacional em pauta

Para Mourão, qualquer ameaça à democracia brasileira deve ser resolvida internamente, sem a participação de potências estrangeiras. O senador reforçou que buscar apoio externo em um momento delicado do país compromete os princípios da autodeterminação e da legalidade institucional.

“Recorrer a governos estrangeiros para influenciar decisões internas fere os princípios mais básicos da independência nacional”, disse.

Contexto: Bolsonaro e os militares na mira do STF

Mourão também destacou o que considera uma tentativa de criminalizar Jair Bolsonaro e integrantes das Forças Armadas, sob o pretexto de proteger a democracia. A acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro por tentativa de golpe e outras infrações reforçou, segundo ele, a ideia de uma perseguição política com “narrativas manipuladas”.

A relação entre o Executivo, o Judiciário e os militares está cada vez mais tensa. A recente intimação de ex-comandantes das Forças Armadas para depoimento na investigação do 8 de Janeiro também acirrou os ânimos.

Repercussão e próximos passos

A fala de Mourão pode representar o início de um reposicionamento político com vistas às eleições de 2026 ou ao fortalecimento da oposição ao STF. Analistas apontam que, mesmo tardia, sua manifestação pode reorganizar parte da base conservadora e aumentar a pressão sobre o Judiciário.

Resta saber se Mourão manterá o novo tom ou se recuará diante da repercussão institucional. Mas uma coisa é certa: o silêncio do general foi rompido, e suas palavras devem continuar repercutindo por Brasília.

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Bruno Rigacci

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