Deputados de 5 partidos da base de Lula assinam pedido de impeachment
A crise política no Brasil se intensificou com a assinatura de um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por 36 deputados que fazem parte da sua base de apoio no Congresso Nacional. O pedido, que será protocolado na Câmara dos Deputados na próxima semana, é impulsionado por parlamentares de cinco partidos que integram a coalizão governista, mas possuem núcleos bolsonaristas ou opositores ao governo. O movimento ganhou força com a adesão de deputados do MDB, União Brasil, PSD, Republicanos e PP, somando um total de 117 signatários até o momento.
A Motivo do Pedido de Impeachment
A base para o impeachment de Lula repousa em irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no programa Pé-de-Meia, lançado pelo Ministério da Educação (MEC). Esse programa, que visa oferecer incentivo financeiro a estudantes do Ensino Médio inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), é considerado uma das principais apostas do governo federal na redução da evasão escolar entre jovens em situação de vulnerabilidade social.
De acordo com parlamentares de oposição e outros críticos do governo, o programa teria cometido uma “pedalada fiscal”, já que os recursos utilizados não estariam previstos em lei. A suposta irregularidade envolveria um valor de aproximadamente R$ 3 bilhões, o que levou o deputado Sanderson (PL-RS) a formalizar a denúncia ao TCU. Além disso, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) fez uma comparação com o impeachment de Dilma Rousseff, que também foi motivado por uma acusação de pedalada fiscal, enfatizando que o uso de recursos do orçamento sem a devida previsão legal seria um crime contra o orçamento público.
Reações na Câmara e no Governo
O pedido de impeachment tem gerado um ambiente tenso no Congresso. Apesar da base governista ainda contar com apoio de uma parte significativa da Câmara, a movimentação de parlamentares da coalizão de Lula, principalmente aqueles ligados aos núcleos bolsonaristas, reflete o crescente descontentamento com a gestão do presidente. A coleta de assinaturas ganhou força após o bloqueio de recursos destinados ao Pé-de-Meia pelo TCU, o que levou a um aumento das críticas à condução do programa.
No cenário político, o governo Lula precisa lidar com a dissidência interna, especialmente entre os partidos aliados que mantêm vinculação com as pautas de oposição. A composição do governo, com partidos como União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos no primeiro escalão, mostra a complexidade das relações políticas que sustentam o governo. A presença de ministros de partidos que apoiam a agenda bolsonarista reforça a tensão entre a base governista e a oposição, aumentando a pressão sobre o presidente.
Composição dos Partidos e Deputados Apoiam o Impeachment
Entre os parlamentares que assinaram o pedido de impeachment, destacam-se nomes de diferentes partidos da base governista. Confira a lista de deputados que apoiaram a iniciativa:
- PSD (4 deputados):
- Sargento Fahur (PSD-PR)
- Rodrigo Estacho (PSD-PR)
- Ismael dos Santos (PSD-SC)
- Stefano Aguiar (PSD-MG)
- PP (8 deputados):
- Evair Vieira de Melo (PP-ES)
- Dr. Luiz Ovando (PP-MS)
- Delegado Fabio Costa (PP-AL)
- Clarissa Tércio (PP-PE)
- Pedro Westphalen (PP-RS)
- Silvia Cristina (PP-RO)
- Covatti Filho (PP-RS)
- Afonso Hamm (PP-RS)
- União Brasil (16 deputados):
- Rodrigo Valadares (União-SE)
- Kim Kataguiri (União-SP)
- Coronel Assis (União-MT)
- Rosangela Moro (União-SP)
- Nicoletti (União-RR)
- Dayany Bittencourt (União-CE)
- Felipe Francischini (União-PR)
- Coronel Ulysses (União-AC)
- Nelsinho Padovani (União-PR)
- Zacharias Kalil (União-GO)
- Cristiane Lopes (União-RO)
- Pastor Diniz (União-AC)
- Alfredo Gaspar (União-AL)
- Dr. Fernando Máximo (União-RO)
- Eduardo Velloso (União-AC)
- Maurício Carvalho (União-RO)
- Republicanos (3 deputados):
- Franciane Bayer (Republicanos-RS)
- Messias Donato (Republicanos-ES)
- Roberto Duarte (Republicanos-AC)
- MDB (5 deputados):
- Pezenti (MDB-SC)
- Delegado Palumbo (MDB-SP)
- Thiago Flores (MDB-RO)
- Simone Marquetto (MDB-SP)
- Osmar Terra (MDB-RS)
Esses parlamentares, ao lado de membros da oposição, como o PL e outros partidos, estão se mobilizando para pressionar pela abertura do processo de impeachment, citando o que consideram uma violação das normas fiscais e orçamentárias no âmbito do programa Pé-de-Meia.
Desafios para o Governo Lula
Este pedido de impeachment representa um novo obstáculo para o governo Lula, que já enfrenta desafios econômicos e sociais, como a greve da Receita Federal, que paralisou o comércio exterior e gerou prejuízos bilionários. A situação se torna ainda mais complexa com a pressão interna da base aliada, que, embora apoie o presidente, também mantém forte ligação com setores que se opõem à sua gestão.
A continuidade do governo depende de sua capacidade de lidar com esses conflitos internos, ao mesmo tempo em que tenta minimizar os danos causados por esse pedido de impeachment e as repercussões no cenário político e social do país. O desenrolar dos próximos dias será crucial para definir o futuro do governo Lula e a estabilidade política no Brasil.