Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação em 2024, 2025 e 2026, com estouro da meta neste ano

Os analistas do mercado financeiro revisaram para cima a estimativa de inflação para este ano, elevando a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,62% para 4,64%. Esta é a sétima alta consecutiva nas expectativas de inflação. Com isso, a projeção permanece acima do teto da meta de inflação de 4,50% estabelecido para 2024.

As novas previsões, baseadas em pesquisa realizada com mais de 100 instituições financeiras na última semana, constam no relatório “Focus” divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (18/11). A meta central de inflação para 2024 é de 3%, sendo considerada cumprida se o IPCA variar entre 1,5% e 4,5% ao longo do ano. Caso a inflação ultrapasse esse intervalo, o BC precisará enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões do descumprimento.

O aumento nas estimativas de inflação reflete principalmente o impacto de fatores climáticos, como a seca, que afetou a produção de energia e alimentos, conforme mostrado no IPCA de setembro. Além disso, analistas destacam o crescimento dos gastos públicos como outro fator relevante para a alta nas projeções de inflação.

O governo federal está analisando propostas para reduzir os gastos públicos, com o objetivo de garantir a manutenção do arcabouço fiscal, mas ainda não há anúncios concretos sobre essas medidas.

No que diz respeito à política monetária, o Banco Central continua ajustando a taxa básica de juros (Selic) para manter a inflação dentro das metas estabelecidas. A Selic atualmente está em 11,25% ao ano, após dois aumentos recentes, e a projeção do mercado é que ela suba para 11,75% ao ano até o fim de 2024. Para 2025, a expectativa de aumento foi revista, com os economistas prevendo que a taxa Selic atinja 12% ao ano, em vez de 11,50% como se projetava anteriormente.

Impacto da inflação e da taxa de juros

Uma inflação mais alta reduz o poder de compra da população, especialmente das pessoas que recebem salários menores. Quando os preços sobem, sem que haja um ajuste proporcional nos rendimentos, o custo de vida se eleva, tornando o dia a dia mais difícil para as famílias.

Projeções do PIB e outros indicadores

Em relação ao crescimento da economia, o mercado manteve a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 3,10% para 2024, enquanto para 2025 a projeção permanece em 1,94%. O PIB é um indicador-chave da atividade econômica, representando a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Quanto à taxa de câmbio, a expectativa do mercado para o dólar subiu para R$ 5,60 no fim de 2024, comparado aos R$ 5,55 projetados anteriormente. Para 2025, a projeção foi ajustada de R$ 5,48 para R$ 5,50.

A balança comercial, que mede o saldo entre exportações e importações, teve sua projeção revista para US$ 77 bilhões de superávit em 2024, abaixo dos US$ 77,6 bilhões estimados anteriormente. Para 2025, a previsão se manteve em US$ 76,7 bilhões.

Em relação aos investimentos estrangeiros diretos, a estimativa de entrada de recursos no Brasil caiu para US$ 71,5 bilhões neste ano, comparado aos US$ 72 bilhões projetados antes. Para 2025, a previsão de investimento estrangeiro também foi reduzida, passando de US$ 74 bilhões para US$ 73,6 bilhões.

Essas revisões e projeções refletem a visão do mercado sobre a economia brasileira e as incertezas que ainda cercam a inflação, os juros e o crescimento nos próximos anos.

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Bruno Rigacci

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