Vaza o “desespero” de Lula com possível retorno de Trump à presidência dos EUA

A possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos tem gerado grande preocupação no governo brasileiro, especialmente em relação a questões estratégicas como a agenda climática, a situação da Venezuela, e a influência crescente de aliados de Trump, como Elon Musk. Com as eleições presidenciais americanas se aproximando, a preocupação em Brasília cresce, dado o impacto potencial de uma vitória de Trump na política interna e externa do Brasil.

Na última sexta-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou publicamente em apoio à vice-presidente Kamala Harris, destacando-a como uma aliada na defesa da democracia e do estado de direito, enquanto criticava duramente Trump, acusando-o de representar um “ressurgimento do nazismo e fascismo”. Apesar de uma relação com Joe Biden que é vista como funcional, mas distante, diplomatas brasileiros temem que uma vitória de Trump possa resultar em um ambiente muito mais hostil, dificultando a cooperação internacional.

Uma das maiores preocupações de Lula está na questão ambiental. O Brasil se prepara para sediar a COP30, a conferência do clima da ONU, em Belém no próximo ano. Lula havia esperado um aporte de US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia, um compromisso feito por Biden, mas que está travado no Congresso americano. Caso Trump retorne ao poder e com o possível fortalecimento da maioria republicana no Senado, há o risco de que qualquer perspectiva de receber esse financiamento desapareça completamente. Isso seria um golpe significativo para a política ambiental brasileira, que busca a preservação da Amazônia e o combate às mudanças climáticas.

Além disso, a influência de Elon Musk, aliado declarado de Trump e uma das figuras mais influentes no cenário tecnológico global, também preocupa. Musk poderia desempenhar um papel chave em um futuro governo republicano, seja ocupando um cargo formal, ou atuando nos bastidores, especialmente com suas ideias de redução de regulação estatal e seu apoio às políticas conservadoras do ex-presidente. Seu envolvimento poderia trazer mais desafios à agenda de Lula, tanto no aspecto ambiental quanto em outras questões de política externa.

Outro ponto de incerteza é o tratamento das relações bilaterais entre os dois países caso Trump seja reeleito. Há temores em Brasília de que Trump adote uma postura mais agressiva contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, impondo sanções econômicas, restrições de entrada nos EUA e outras penalidades, caso perceba que o Brasil está violando princípios de liberdade de expressão ou promovendo medidas políticas que ele considere incompatíveis com os valores democráticos.

Com Trump e suas políticas nacionalistas e conservadoras sobre questões globais, como meio ambiente, imigração e direitos humanos, a volta do ex-presidente à Casa Branca poderia dificultar a continuidade da parceria estratégica entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em temas como a proteção ambiental e a cooperação internacional para a preservação da Amazônia. A administração Lula, que viu progressos nas relações diplomáticas com o governo Biden, temerá que uma eventual vitória de Trump possa desfazer esses avanços e criar um ambiente mais adverso para o Brasil no cenário internacional.

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Bruno Rigacci

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