Brasil não aceita prisioneiros políticos, diz Celso Amorim
Nesta terça-feira (3), o assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, expressou preocupação com o mandado de prisão emitido pela Justiça venezuelana contra o opositor Edmundo González. Amorim destacou que o Brasil não aceita prisioneiros políticos e que observa com apreensão o que considera uma escalada autoritária no regime de Nicolás Maduro.
Em uma entrevista à Agência Reuters, Amorim afirmou que, apesar das dificuldades, o Brasil ainda nutre esperanças de mediar uma solução para a crise política na Venezuela. O diplomata ressaltou que a ordem de prisão é um sinal preocupante da situação política no país vizinho.
A Justiça venezuelana emitiu o mandado contra González na segunda-feira (2), atendendo a um pedido do Ministério Público. O opositor está sendo investigado por diversos crimes relacionados à sua denúncia de fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo a oposição, González venceu a eleição com 67% dos votos, mas o resultado oficial, ratificado pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, confirmou a reeleição de Maduro sem apresentar dados das urnas.
Além da preocupação do Brasil, oito países da América Latina, incluindo Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, condenaram a ordem de prisão. O Chile também se manifestou posteriormente contra a decisão. No entanto, o governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mantendo um silêncio que, segundo o Estadão, reflete uma preocupação com o crescente distanciamento da Venezuela da comunidade internacional.
O Itamaraty observa sinais de que Caracas não está interessada em negociações e que a situação está se deteriorando. Lula ainda não classificou Maduro como ditador, mas já percebeu a tendência autoritária do regime venezuelano, conforme indicado por interlocutores.