Revelação envolvendo ex-esposa pode estar por trás do “recuo” de Toffoli
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu de forma inesperada, nesta segunda-feira (29), recuar de uma determinação anterior no âmbito do caso Banco Master. O relator do inquérito deixou sob responsabilidade da Polícia Federal a avaliação sobre a necessidade de uma acareação entre personagens considerados centrais da investigação.
Nesta terça-feira (30), a Polícia Federal deve ouvir separadamente o ex-banqueiro Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Paulo Henrique Costa e o diretor de fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos. Após as oitivas, caberá à delegada responsável pelo inquérito avaliar se há contradições relevantes que justifiquem a realização de uma acareação, que poderá ser sugerida ao juiz auxiliar do gabinete do ministro.
O recuo de Toffoli ocorre em meio à repercussão de uma revelação envolvendo sua ex-esposa, a advogada Roberta Maria Rangel. Casada com o ministro entre 2013 e o primeiro semestre de 2025, ela ampliou de forma significativa sua atuação no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), representando grandes grupos empresariais, como J&F e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Levantamento divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo nesta segunda-feira (29) aponta que o número de processos em que Roberta Rangel atuou nas duas Cortes passou de 53 para 127 após a posse de Toffoli no STF — um crescimento de aproximadamente 140%. Segundo o levantamento, mais de 70% dessas ações foram iniciadas durante o período em que o ministro já integrava o Supremo.
Embora não haja, até o momento, qualquer decisão judicial que relacione diretamente os fatos, a coincidência temporal entre a divulgação do levantamento e a mudança de postura do relator alimentou comentários e especulações nos bastidores políticos e jurídicos.
Procurados, tanto Roberta Rangel quanto o ministro Dias Toffoli optaram por não se manifestar sobre o levantamento nem sobre o recuo na condução do inquérito. Nos bastidores, críticos interpretam a mudança de decisão como um sinal de pressão e desgaste, enquanto aliados sustentam que a medida apenas reforça a autonomia técnica da Polícia Federal na condução das investigações.





