Jornalista desmonta suposta herança milionária de empresária ligada ao PT
O jornalista Cláudio Dantas afirmou que é falsa a narrativa de que Roberta Luchsinger, empresária investigada pela Polícia Federal por envolvimento com o chamado “Careca do INSS”, seria herdeira de um dos fundadores do banco Credit Suisse. Segundo ele, a versão foi amplamente reproduzida pela imprensa sem a devida checagem e não se sustenta nos fatos históricos e familiares.
De acordo com Dantas, Roberta vende a imagem de descendente direta de Peter Paul Arnold Luchsinger, banqueiro suíço ligado à fundação do Credit Suisse. No entanto, o jornalista afirma que não existe vínculo hereditário direto entre a empresária e o executivo do banco.
“A imprensa em geral, sem apurar devidamente os fatos, reproduz com gosto a versão fantasiosa. Chega a ser constrangedor”, escreveu Dantas.
Origem da família Luchsinger
Segundo o levantamento apresentado, os Luchsinger são originários do Cantão de Glarus, na Suíça. Parte da família imigrou para o Brasil no século XIX, estabelecendo-se inicialmente em Ubatuba (SP), com ramificações no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.
O verdadeiro avô de Roberta seria Pedro Paulo Arnaldo Luchsinger, descrito como um homem de classe média, sem ligação com o banco suíço. Ele se casou com Cecília, filha do coronel Afonso Alves Pereira e de Maria Dinah Sarmento, pertencente a uma família de industriais.
O casal teve dois filhos:
Bárbara, que se casou com o financista Roger Ian Wright, sócio do Banco Garantia, e morreu no acidente aéreo da TAM em 1996. Wright viria a falecer anos depois, em 2009, em outro acidente aéreo, desta vez em Trancoso (BA).
Roberto Pereira, pai de Roberta, que viveu em Miraí (MG) e nunca teria acumulado grande patrimônio, segundo Dantas.
Tentativas de acesso a herança
Cláudio Dantas afirma ainda que Roberta e seu pai teriam tentado utilizar o parentesco distante para reivindicar parte da herança dos familiares mortos nos acidentes aéreos. O episódio foi detalhado pelo jornalista Luís Nassif em 2017, quando, segundo Dantas, a suposta condição de herdeira milionária já havia sido desmontada.
Pedro Paulo Luchsinger morreu em 2016. Já Peter Paul Arnold Luchsinger, ligado ao Credit Suisse, faleceu em 2017. Foi justamente nesse período que Roberta passou a aparecer na mídia como “herdeira” do banqueiro, prometendo inclusive uma doação de R$ 500 mil ao presidente Lula, doação que, segundo o jornalista, nunca se concretizou.
Para Dantas, o falso pedigree e a promessa de doação teriam sido fundamentais para aproximar Roberta de círculos do PT.
Conexões políticas e empresariais
Antes dessa aproximação, Roberta teria se relacionado com o ex-delegado e ex-deputado Protógenes Queiroz, com quem teve uma filha. Protógenes foi o responsável pela Operação Satiagraha, que levou à prisão do banqueiro Daniel Dantas em 2008.
A operação ocorreu em meio à disputa entre o grupo Opportunity e a Telecom Italia pelo controle da Brasil Telecom, posteriormente adquirida pela Oi por R$ 5,8 bilhões. A fusão só foi possível após um decreto do então presidente Lula, que alterou as regras do setor de telecomunicações.
Segundo Dantas, esse movimento viabilizou a criação da chamada Supertele, que teria injetado cerca de R$ 132 milhões na Gamecorp, empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. À época, Fernando Bittar e Jonas Suassuna figuravam como sócios formais do negócio e como proprietários do sítio de Atibaia.
Narrativa desmontada
Para o jornalista, a história da “herdeira do Credit Suisse” não passa de uma farsa cuidadosamente construída, com objetivo de abrir portas políticas e empresariais.
“Parece novela mexicana com um quê de máfia italiana, mas é política brasileira mesmo”, concluiu Cláudio Dantas.
As investigações envolvendo Roberta Luchsinger seguem em andamento na Polícia Federal.





