Contrato de R$ 129 milhões entre Banco Master e o escritório de Viviane Barci de Moraes, esposa do Alexandre de Moraes

A Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal, revelou um contrato de prestação de serviços advocatícios entre o Banco Master e o escritório de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O documento, em formato digital, foi encontrado no celular de Daniel Vorcaro, controlador da instituição financeira.

Segundo o contrato, o escritório receberia R$ 3,6 milhões mensais ao longo de 36 meses, totalizando R$ 129 milhões. O acordo teria início em 2024 e não especificava causas ou processos determinados, limitando-se a prever a representação jurídica do banco “em quaisquer instâncias necessárias”.

Pagamentos e liquidação do banco

Os valores previstos não chegaram a ser integralmente pagos, devido à posterior liquidação do Master. Mensagens localizadas no celular de Vorcaro indicam que os repasses ao escritório de Viviane eram considerados prioritários e deveriam ser mantidos mesmo durante a crise financeira do banco.

A descoberta do contrato causou surpresa e apreensão entre advogados que representavam a instituição. O documento foi encontrado entre mensagens trocadas por Vorcaro e funcionários do banco.

Silêncio das partes envolvidas

O escritório Barci de Moraes foi procurado para esclarecer a natureza dos serviços prestados e os valores efetivamente recebidos, mas não respondeu. Uma funcionária informou por telefone que ninguém comentaria o assunto e não forneceu contato para pedidos formais.

O Banco Master também não se manifestou.
A assessoria do Supremo Tribunal Federal foi questionada sobre o posicionamento do ministro Alexandre de Moraes, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.

Atuação em caso envolvendo investidor

Entre os trabalhos realizados pelo escritório está uma queixa-crime apresentada em abril de 2024 pelo próprio Vorcaro e pelo Banco Master contra o investidor Vladimir Timerman, da Esh Capital. O documento afirma que Timerman teria caluniado Vorcaro ao sugerir que ele participara de operações fraudulentas envolvendo a Gafisa e o fundo Brazil Realty, do qual o Master seria cotista.

A petição descreve Vorcaro como “renomado empresário mineiro de 40 anos” e alega que Timerman buscou atingir a honra dele e do banco. A ação foi assinada por Viviane Barci de Moraes e outros dez advogados do escritório, incluindo Alexandre Barci de Moraes e Giuliana, filhos do ministro do STF.

Vorcaro não obteve êxito nas duas primeiras instâncias, mas ainda pode recorrer.

Operação Compliance Zero

A Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro e outros seis executivos na operação. Celulares e computadores foram apreendidos, e o material encontrado tem subsidiado novas frentes de investigação.

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Bruno Rigacci

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