Novamente, Moraes mira em Cláudio Castro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), apresente informações detalhadas sobre a exoneração de Rafael Picciani da Secretaria de Esportes. A decisão ocorre no contexto das investigações da Operação Zargun e aparece no mesmo despacho que autorizou a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil).
A exoneração de Picciani ocorreu em setembro, no mesmo dia em que o deputado TH Joias — seu suplente na Alerj — foi preso. Segundo relatório da Polícia Federal, a movimentação foi interpretada como uma manobra política para impedir que a Casa Legislativa fosse obrigada a votar sobre a manutenção da prisão do parlamentar, como determina a Constituição. Ao deixar o cargo no Executivo, Picciani reassumiu imediatamente sua cadeira na Alerj, o que retirou TH Joias do mandato de forma automática.
Para a PF, a operação teve caráter estratégico. O relatório aponta que “logo após a efetivação das medidas cautelares, o governador do estado e a cúpula da Alerj promoveram uma célere manobra regimental” com o objetivo de afastar o deputado investigado. Os investigadores destacam que a ação buscou um “controle de danos, visando desvincular a imagem da Alerj do investigado TH Joias”.
O mesmo documento responsabiliza Rodrigo Bacellar pelo vazamento de dados sigilosos da Operação Zargun. Segundo a PF, o material vazado revela ligações entre políticos fluminenses e integrantes do Comando Vermelho. Para os investigadores, a conduta atribuída ao presidente da Alerj demonstra “o grau acentuado de vulneração à ordem pública decorrentes das condutas do investigado”.
Ao autorizar a prisão de Bacellar, Moraes também determinou que o governo do Rio envie ao STF toda a documentação relacionada à exoneração de Rafael Picciani, buscando esclarecer se houve coordenação entre o Executivo estadual e a Alerj para interferir no andamento das investigações.
