Trump rejeita condições de Maduro para deixar o poder, e negociações internacionais entram em colapso

As negociações para a saída de Nicolás Maduro do governo venezuelano fracassaram após o líder chavista apresentar condições consideradas inviáveis pelos Estados Unidos. De acordo com fontes diplomáticas, o presidente norte-americano Donald Trump rejeitou todas as exigências feitas por Maduro em um diálogo que durou apenas quinze minutos nesta terça-feira (2). As tratativas contaram com mediação de Brasil, Catar e Turquia.

Segundo reportagens do New York Times e do Miami Herald, Washington ofereceu ao líder venezuelano um salvo-conduto que permitiria sua saída do país em até uma semana, acompanhado da esposa Cilia Flores e do filho do casal, sem risco de prisão.

As exigências apresentadas por Maduro

Em resposta, Maduro impôs três condições:

  1. Anistia global
    Exigiu perdão integral para quaisquer crimes atribuídos a ele, seus familiares e aliados — incluindo cerca de cem altos funcionários venezuelanos sancionados pelos EUA e processos em curso no Tribunal Penal Internacional.

    “Primeiro, anistia global para qualquer crime que eles e seus aliados tenham cometido”, teria dito.

  2. Controle das Forças Armadas
    O líder chavista também solicitou que o governo venezuelano mantivesse o comando da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), citando o precedente da Nicarágua em 1991, quando os sandinistas mantiveram influência militar após a eleição de Violeta Chamorro.

    “Segundo, manteriam o controle das Forças Armadas […] Em troca, permitiriam eleições livres.”

  3. Mais tempo para deixar o país
    Maduro pediu um prazo maior do que o oferecido inicialmente pelos EUA.

Todas as demandas foram prontamente recusadas por Trump.

EUA fecham espaço aéreo e reforçam pressão

Após romper as negociações, o presidente americano publicou uma mensagem nas redes sociais:

“Atenção linhas aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas, considerem que o espaço aéreo acima e em torno da Venezuela está fechado em sua integralidade”.

A declaração levou companhias aéreas internacionais a suspender voos para o país, diante da incapacidade de Washington garantir a segurança das rotas.

Paralelamente, o governo Trump classificou oficialmente o Cartel de los Soles como Organização Terrorista Estrangeira, equiparando o grupo — composto por generais venezuelanos envolvidos com narcotráfico — a organizações como a Al Qaeda. A medida abre base legal para operações militares, que já resultaram em cerca de 80 mortes em bombardeios a embarcações suspeitas no Caribe.

Pressão militar crescente

Os Estados Unidos mantêm no Caribe um aparato militar robusto, incluindo:

  • o porta-aviões USS Gerald R. Ford,

  • um submarino nuclear,

  • dez navios de guerra,

  • e aproximadamente 15 mil militares mobilizados.

A superioridade militar norte-americana supera com folga as capacidades defensivas venezuelanas.

Reação venezuelana é mais simbólica

Enquanto isso, Caracas tenta demonstrar força. Diosdado Cabello afirmou que um “batalhão indígena” estaria pronto para fazer “os americanos sentir o curare entrar na pele”, referência ao veneno tradicional usado por povos amazônicos.

Especialistas, porém, afirmam que o regime tem poucas alternativas militares reais diante do poderio americano. Mesmo com presença de tropas russas na Venezuela, Moscou dificilmente arriscaria um confronto direto com os EUA, especialmente durante negociações sobre a guerra na Ucrânia.

Implicações regionais

O Brasil, sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trabalha pela solução diplomática do impasse, preocupado com o risco de uma crise humanitária ampliar o fluxo de refugiados para o país. Entre os vizinhos, somente o presidente colombiano Gustavo Petro mantém apoio explícito a Maduro, chegando a orientar que companhias colombianas mantenham voos para Caracas.

Na semana anterior, Maduro apareceu vestindo uniforme militar e empunhando a espada de Simón Bolívar — símbolo histórico frequentemente explorado desde o governo Hugo Chávez.

Para onde iria Maduro?

O destino de eventual exílio não consta nas negociações fracassadas. Analistas consideram:

  • Cuba improvável — devido à dependência do petróleo venezuelano;

  • Brasil e México politicamente problemáticos;

  • Rússia e Irã como opções mais prováveis, caso aceitem receber o líder chavista.

Com o colapso das tratativas, o impasse sobre o futuro político da Venezuela se aprofunda, enquanto aumenta o risco de escalada militar na região.

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Bruno Rigacci

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