Maduro é rotulado como “terrorista” pelos EUA e Venezuela reage
Os Estados Unidos oficializaram a designação do chamado Cartel de los Soles como organização terrorista estrangeira, ampliando o leque de sanções e medidas legais contra o grupo, que, segundo Washington, envolve o presidente venezuelano Nicolás Maduro e altos funcionários do Estado. A decisão marca um novo ponto de tensão nas já deterioradas relações entre os dois países.
A medida, anunciada inicialmente em 16 de novembro, foi acompanhada por um aumento da presença militar americana na região sob a “Operação Lança Sul”, que reúne mais de uma dúzia de navios de guerra e cerca de 15 mil soldados. O Pentágono afirma que a operação busca combater o tráfico de drogas e conter fluxos migratórios ilegais.
Reação de Caracas: “ridícula” e “inexistente”
O governo venezuelano reagiu de imediato, rejeitando a decisão e acusando Washington de fabricar justificativas para uma possível intervenção. Em nota divulgada no Telegram, o ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, classificou a designação como uma “invenção” do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio:
“A República Bolivariana da Venezuela rejeita categórica, firme e absolutamente a mais recente e ridícula invenção do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que designa o inexistente Cartel de Los Soles como organização terrorista, repetindo assim uma mentira infame e vil para justificar uma intervenção ilegítima e ilegal contra a Venezuela, sob o clássico modelo estadunidense de mudança de regime.”
Caracas nega tanto a existência do cartel quanto qualquer envolvimento de Maduro ou das Forças Armadas com o narcotráfico.
O que dizem os EUA e especialistas
Autoridades norte-americanas afirmam que o Cartel de los Soles opera como uma rede descentralizada dentro das forças armadas venezuelanas, com vínculos diretos ao tráfico internacional de drogas. Segundo Washington, Maduro e seus aliados teriam “corrompido as forças armadas, a inteligência, o legislativo e o judiciário”, e não representam o governo legítimo da Venezuela.
Especialistas jurídicos ressaltam que a designação como organização terrorista permite ampliar sanções e medidas financeiras, mas não autoriza automaticamente o uso de força letal por parte dos EUA.
Risco de escalada regional
A intensificação da presença militar dos EUA aumenta a apreensão na região. Nos últimos anos, operações norte-americanas contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas resultaram em dezenas de mortes. Segundo relatos, o então presidente Donald Trump recebeu de assessores diferentes opções de ações possíveis contra a Venezuela, incluindo ataques a instalações militares ou governamentais e operações especiais.
A Casa Branca afirma, no entanto, que o objetivo atual é pressionar Maduro a renunciar sem necessidade de intervenção militar direta. Um funcionário do governo americano declarou que Washington busca sobretudo reduzir o fluxo de drogas e de migrantes irregulares.
Um novo capítulo na disputa EUA–Venezuela
A designação do Cartel de los Soles como organização terrorista aprofunda a retórica de confronto e adiciona um elemento legal que pode afetar diplomacia, comércio e movimentos financeiros relacionados ao governo venezuelano.
Enquanto Washington intensifica a pressão e reforça sua presença militar, Caracas denuncia a decisão como parte de um esforço para desestabilizar o país. Com a escalada de acusações e medidas, analistas temem que o impasse político evolua para um cenário de maior instabilidade regional.





