Líder do CV que fugiu da megaoperação no Rio é preso de maneira inusitada em SP

A Polícia Civil prendeu nesta quinta-feira (30) Antônio de Jesus Cabral, de 40 anos, apontado como liderança do Comando Vermelho (CV), em uma ação realizada na rua 25 de Março, no centro da capital paulista.

A prisão ocorreu após o sistema de monitoramento Smart Sampa, administrado pela Prefeitura de São Paulo, identificar o suspeito, que estava foragido desde 2022. A captura foi feita por agentes da Inspetoria de Operações Especiais (IOPE) da Guarda Civil Metropolitana (GCM), com o apoio da Polícia Civil.

Segundo informações oficiais, Cabral foi abordado enquanto caminhava pela região comercial próxima ao Mercado Municipal. A ação foi registrada em vídeo, mostrando o momento em que os agentes realizaram a detenção.

Fuga do Rio e ligação com fraudes milionárias

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, Cabral havia fugido do Rio de Janeiro pouco antes da megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, realizada no fim de outubro, que resultou em mais de 120 mortes e 113 prisões.

A Polícia Civil do Rio o identifica como líder de um grupo especializado em fraudar concursos públicos, esquema que oferecia cursos preparatórios com acesso antecipado a conteúdos sigilosos de provas. O prejuízo estimado causado pela quadrilha ultrapassa R$ 70 milhões.

Em julho de 2022, a 1ª Vara Criminal de Niterói, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), expediu mandado de prisão preventiva contra Cabral, com validade de 20 anos. Ele é acusado de associação criminosa, violação de direitos autorais e lavagem de dinheiro.

Monitoramento e localização em São Paulo

Antes de ser localizado no centro da capital, Cabral teria se hospedado em imóveis de alto padrão no bairro do Jardim Anália Franco, na zona leste. O sistema Smart Sampa — responsável por integrar câmeras de reconhecimento facial e placas de veículos — teria sido essencial para a localização do foragido.

O programa de monitoramento é parte do esforço municipal de segurança urbana inteligente, voltado à identificação de suspeitos com mandados em aberto.

Após a prisão, Cabral foi encaminhado ao 8º Distrito Policial (Brás), onde permanece à disposição da Justiça.

Defesa nega envolvimento com o crime

O advogado Erlande Nunes, que representa Cabral, afirmou em nota que seu cliente não possui vínculo com organizações criminosas e que a prisão seria fruto de “inconsistências documentais entre sistemas judiciais”.

“Trata-se de um equívoco processual. Antônio Cabral é inocente e sua prisão decorre de falhas no sistema de cruzamento de dados. Além disso, há um interesse político em promover o programa de reconhecimento facial da Prefeitura de São Paulo”, disse o advogado.

A defesa informou que pedirá revogação da prisão preventiva e que pretende recorrer às instâncias superiores.

Megaoperação no Rio segue repercutindo

A detenção de Cabral ocorre em meio à repercussão da megaoperação policial no Rio de Janeiro, considerada uma das maiores dos últimos anos. A ação, que visava desarticular bases do Comando Vermelho, resultou em dezenas de confrontos e reacendeu o debate sobre uso da força e segurança pública no país.

Autoridades fluminenses acreditam que a fuga de Cabral para São Paulo possa estar relacionada à tentativa de escapar das ações de repressão deflagradas nos complexos do Alemão e da Penha.

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Bruno Rigacci

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