Nunes Marques está pronto para evitar os planos de cassação e inelegibilidade de Cláudio Castro
O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Kassio Nunes Marques, sinalizou a interlocutores que pode pedir vista no julgamento das ações que pedem a cassação do mandato e a inelegibilidade do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). A análise do caso está marcada para a próxima terça-feira (4).
Segundo informações de bastidores, Nunes Marques tem comentado em conversas reservadas que considera a possibilidade de solicitar mais tempo para avaliar o processo, o que suspenderia o julgamento por até 60 dias e empurraria o desfecho para fevereiro de 2026.
Viagem e surpresa com a pauta
Auxiliares próximos ao ministro afirmam que ele só tomou conhecimento da inclusão do processo na pauta na quarta-feira (29), quando o TSE confirmou a data do julgamento. Nunes Marques teria uma viagem programada para quinta-feira (30), com retorno previsto apenas para o dia da sessão.
De acordo com pessoas do círculo do ministro, ele costuma avaliar com cautela casos que envolvem autoridades de alto escalão, como governadores, prefeitos de grandes capitais e parlamentares federais. Nessas situações, é comum que Nunes Marques peça vista para examinar os autos com mais profundidade.
Ações e contexto político
As ações contra Cláudio Castro e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), tratam de supostas irregularidades na campanha de 2022, como uso indevido de recursos públicos e abuso de poder político.
O caso ganhou destaque após o TSE incluir o julgamento na pauta em meio à repercussão da megaoperação policial no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do estado, com mais de 120 mortes registradas.
No entorno do governador, a decisão do tribunal foi interpretada como um movimento político. Segundo aliados ouvidos pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, haveria uma tentativa de “sincronizar” a análise com o desgaste provocado pela operação policial, o que aumentaria a pressão sobre o governo fluminense.
Relatora deixará o tribunal
A ministra Isabel Gallotti, relatora do processo, deixará o TSE em menos de um mês, e tem buscado liberar casos considerados prioritários antes de sua saída. A proximidade do fim do mandato e a inclusão repentina do julgamento na pauta reforçaram a percepção de que o tribunal estaria acelerando o caso.
Até poucas semanas atrás, o clima entre aliados de Castro e Bacellar era de tranquilidade — não havia previsão de julgamento, e a expectativa era de que o processo fosse apreciado apenas no próximo ano.
Agora, o pedido de vista de Nunes Marques surge como a principal esperança do grupo político de Cláudio Castro para ganhar tempo e tentar reverter o quadro em um cenário cada vez mais turbulento para o governo fluminense.






