Traficantes dão ordem absurda a todos os moradores do morro
O comércio da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, amanheceu de portas fechadas nesta quarta-feira (29), após ordem de traficantes que controlam a região. A determinação ocorre dois dias depois da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de cem mortos, incluindo quatro policiais.
De acordo com informações do jornal O Globo, os criminosos impuseram o fechamento total do comércio local como forma de protesto e demonstração de poder após os confrontos com as forças de segurança.
O calçadão da Rua dos Romeiros, uma das áreas mais movimentadas do bairro e principal ligação entre o Largo da Penha e a estação de trem, ficou completamente vazio durante toda a manhã. Barracas de ambulantes foram recolhidas e lojas mantiveram as portas abaixadas.
Um funcionário de uma farmácia que seguiu funcionando afirmou que a ordem foi reiterada pelos traficantes logo nas primeiras horas do dia. “Eles passaram avisando que ninguém devia abrir. Quem abrisse, teria problema”, relatou à reportagem do jornal.
Reforço policial
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento nas principais vias do bairro. Viaturas circularam constantemente pela Avenida Nossa Senhora da Penha, onde duas foram posicionadas em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros e outra próxima ao Parque Shangai. Agentes também mantiveram presença na pista exclusiva de ônibus nas imediações da estação de trem.
Apesar do aumento do policiamento, moradores relataram clima de apreensão e medo. O movimento de pedestres permaneceu reduzido durante todo o dia, e estabelecimentos que insistiram em funcionar o fizeram com as portas parcialmente fechadas.
Transporte público afetado
O transporte coletivo também foi impactado. A linha de ônibus 721 (Cascadura–Vila Cruzeiro) teve o ponto final alterado temporariamente para o Largo da Penha, já que o trajeto original passava pela praça utilizada pelas autoridades para a retirada de corpos após os confrontos.
As operações policiais, realizadas desde o início da semana, mobilizaram cerca de 2,5 mil agentes das forças estaduais e federais e resultaram na prisão de 81 suspeitos. A ação teve como alvo integrantes do Comando Vermelho (CV), facção responsável pelo controle de parte das comunidades da zona norte da cidade.
Enquanto o governo do estado afirma que as ações seguem dentro da legalidade, o clima nas ruas é de luto, medo e incerteza, com comunidades sitiadas e o cotidiano paralisado pela violência.





