Soberania não é ditadura: o povo venezuelano é quem deve ser livre
Em debates recentes nas redes sociais, voltou à tona o argumento de que defender a Venezuela de uma eventual intervenção dos Estados Unidos seria uma forma de preservar sua soberania. No entanto, esse raciocínio ignora uma premissa essencial da democracia: a soberania pertence ao povo, e não a um governante que se perpetua no poder à revelia da vontade popular.
O regime de Nicolás Maduro, marcado por fraudes eleitorais, repressão política e denúncias de narcotráfico, há muito deixou de representar a vontade dos venezuelanos. Milhares de opositores foram presos ou mortos, e mais de três milhões de pessoas fugiram do país em busca de sobrevivência. Falar em soberania, nesse contexto, é fechar os olhos para a usurpação violenta da vontade popular.
Defender o direito de um ditador de permanecer no poder em nome da “não intervenção” externa é o mesmo que, no passado, teria sido defender a “soberania” da Alemanha nazista ou do Japão imperial diante dos Aliados em 1945. Intervenções são, sem dúvida, medidas extremas — mas há momentos em que a omissão da comunidade internacional apenas perpetua o sofrimento de povos inteiros.
O discurso da “soberania” tem sido utilizado como biombo ideológico para proteger tiranias e justificar a inércia diante de regimes criminosos. O verdadeiro soberano é o povo, não o ditador. E um povo oprimido, sem voz e sem liberdade, não é soberano — é refém.





