Quando o inimigo voa, o Estado não pode ficar no chão

Facções criminosas no Rio de Janeiro estão travando uma guerra cada vez mais assimétrica. Com armamento pesado, táticas militares e, agora, drones equipados com explosivos, os traficantes desafiam o Estado e aterrorizam comunidades inteiras. Diante desse cenário, a polícia não pode se limitar a reagir — precisa voar.

Helicópteros e drones não são luxo operacional. São ferramentas vitais para proteger vidas, mapear territórios hostis e garantir inteligência em tempo real. Quando o tráfico lança granadas de cima, não é admissível que o Estado continue olhando apenas de baixo.

O uso de helicópteros garante mobilidade, evacuação rápida e cobertura tática. Os drones, por sua vez, são os olhos invisíveis sobre becos, matas e rotas de fuga. Juntos, formam uma força aérea que não apenas observa — age.
Mas há entraves: legislação defasada, falta de capacitação e investimento insuficiente. Não se combate uma guerra com improviso.

A polêmica proposta do PSOL

Em meio a essa realidade, um projeto apresentado pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) reacendeu o debate sobre segurança pública. A proposta busca proibir o uso de helicópteros e drones em operações policiais, sob o argumento de que o emprego desses equipamentos em áreas densamente povoadas aumenta o risco de danos colaterais.

Segundo a deputada, o objetivo é evitar mortes e mutilações de civis, principalmente em comunidades onde a presença do Estado se manifesta quase exclusivamente pela força policial. O texto, contudo, vem sendo duramente criticado por especialistas em segurança, que alertam para o risco de enfraquecer o combate ao crime organizado.

O contraponto: segurança ou rendição

O relator da proposta, deputado Sanderson (PL-RS), rejeitou o projeto. Para ele, retirar da polícia essas ferramentas é enfraquecer o Estado diante de facções que hoje possuem tecnologia e poder de fogo comparáveis ao de forças armadas.
“Não se pode combater drones com pedras”, resumiu um dos críticos da medida.

Enquanto o Congresso discute, o governo federal adota postura ambígua. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que o governador Cláudio Castro (PL) precisa “assumir suas responsabilidades” ou “pedir intervenção federal”. Em outras palavras, o Rio está sozinho.

Castro, por sua vez, confirmou que o Ministério Público acompanhou todo o planejamento da operação, e que todas as regras da ADPF das Favelas foram respeitadas. A megaoperação desta terça-feira (28) mobilizou 2,5 mil agentes e resultou em 81 prisões — mas também em 64 mortos, entre eles quatro policiais.

Um Estado cercado e abandonado

O tráfico segue avançando, o Estado recua e a União se omite. O governador Cláudio Castro lamentou a morte dos agentes e chamou-os de “as grandes vítimas dessa guerra”. Enquanto isso, drones e bombas continuam sobrevoando os céus do Rio — céus que deveriam pertencer à lei, não ao crime.

O governo fluminense, como tantos outros no país, luta isolado, sem apoio federal e sob a torcida contrária de quem relativiza a violência das facções.

Que isso sirva de alerta: o Rio de Janeiro pode ser apenas o começo.
Os próximos podem ser vocês.

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Bruno Rigacci

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