A guinada política na América do Sul: direita avança e esquerda enfrenta crise de legitimidade
A velocidade das transformações políticas na América do Sul tem sido estonteante. Em poucos anos, o mapa ideológico do continente passou por uma reconfiguração profunda, com vitórias expressivas da direita e o enfraquecimento de regimes e lideranças de esquerda que dominaram a região por décadas.
Bolívia encerra ciclo socialista
Na Bolívia, a vitória eleitoral do senador Rodrigo Paz Pereira, após 20 anos de governos socialistas, representou uma mudança histórica. O resultado sinaliza o fim de um ciclo marcado por políticas intervencionistas e instabilidade institucional, abrindo espaço para uma nova fase política no país.
Argentina consolida virada liberal
Desde a eleição de Javier Milei em 2023 — o primeiro presidente de direita após oito governantes peronistas em 35 anos —, a Argentina vive uma reviravolta ideológica. As eleições legislativas mais recentes confirmaram essa tendência: metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado foram renovados com representantes de partidos de direita, consolidando a base política do governo liberal.
Pressão sobre o regime venezuelano
Enquanto isso, o Caribe e o norte da América do Sul voltam a ser foco das ações dos Estados Unidos. Operações militares contra o narcotráfico na região já resultaram na destruição de dez embarcações e na morte de 35 traficantes, em movimentos que, segundo analistas, antecedem uma possível intervenção terrestre na Venezuela.
O país, governado por Hugo Chávez entre 1999 e 2013 e por Nicolás Maduro desde então, acumula 26 anos sob domínio do chavismo, regime que dá sinais claros de enfraquecimento.
Colômbia sob vigilância
A Colômbia, administrada pelo ex-guerrilheiro de esquerda Gustavo Petro, também enfrenta crescente isolamento internacional. O governo americano, sob a liderança de Donald Trump, impôs sanções econômicas contra Petro e familiares, citando envolvimento com o tráfico de drogas. Observadores internacionais apontam que o país pode seguir o mesmo caminho de instabilidade da vizinha Venezuela.
Brasil sob tensão institucional
No Brasil, as pressões políticas e diplomáticas se intensificam. Após mais de seis anos de tensões entre poderes e acusações de “autoritarismo togado”, o governo enfrenta crescente isolamento internacional. O país já não está cercado majoritariamente por governos de esquerda, o que muda o equilíbrio geopolítico da região.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes, foram atingidos por sanções baseadas na Lei Magnitsky, além de terem vistos suspensos pelos Estados Unidos. Outras autoridades brasileiras também foram incluídas em listas de restrições diplomáticas.
Relações estremecidas com os EUA
O distanciamento entre Brasília e Washington é notório. Além de uma tarifa de 10% sobre produtos brasileiros por razões comerciais, os EUA impuseram um tarifaço adicional de 40% em resposta a violações de direitos humanos e liberdades democráticas atribuídas ao governo brasileiro.
O quadro se agrava com a iminente delação do general Hugo Carvajal, ex-homem forte do regime venezuelano, que promete revelar detalhes de esquemas de corrupção envolvendo governos de esquerda na América do Sul e até na Europa. O julgamento está marcado para novembro e gera apreensão entre lideranças ligadas ao Foro de São Paulo.
Diplomacia brasileira em crise
Internamente, o governo Lula da Silva é acusado de ineficiência diplomática e de protagonizar constrangimentos internacionais. A última viagem presidencial à Malásia e Indonésia, segundo críticos, teve como principal objetivo um encontro com o presidente americano — que não rendeu qualquer avanço concreto.
Analistas descrevem o presidente como um “anão diplomático”, e a imagem do país, como a de um pária internacional.
Mídia e narrativa política
Apesar do esforço da chamada “imprensa militante” em apresentar uma imagem positiva do governo e de suas relações exteriores, as divergências entre declarações oficiais brasileiras e americanas revelam a realidade: os Estados Unidos não pretendem reatar laços estratégicos com o Brasil enquanto persistirem ações consideradas antidemocráticas.
Fontes próximas ao governo americano afirmam que a mensagem de Donald Trump foi clara — não apenas para Brasília, mas também para a imprensa que, segundo ele, “insiste em distorcer a verdade”.





