Saiba quem é Jeffrey Chiquini, advogado de Filipe Martins

Em meio aos desdobramentos jurídicos e políticos envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o nome do advogado Jeffrey Chiquini tem ganhado notoriedade por sua atuação combativa, principalmente nos embates com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e pela crescente projeção nas redes sociais e nos bastidores políticos.

Atualmente, Chiquini defende Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, acusado de participação em atos golpistas relacionados ao 8 de janeiro. O advogado também representa o militar Rodrigo Bezerra Azevedo, apontado como envolvido em um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.

Presença crescente e rede de seguidores

Com causas de alta repercussão e uma atuação agressiva na defesa de seus clientes, Chiquini viu seu alcance digital disparar. De cerca de 12 mil seguidores em 2022, ele soma hoje 1,8 milhão de seguidores no Instagram, 237 mil no X (antigo Twitter) e mais de meio milhão de inscritos no YouTube. Cortes de suas sustentações orais no STF viralizam com frequência, consolidando sua imagem como defensor ferrenho da direita bolsonarista.

Entre outros clientes notórios, Chiquini já defendeu o jogador Alef Manga, investigado por manipulação de resultados em apostas esportivas, e o ex-BBB Diego Alemão, acusado de porte ilegal de arma. No caso de Manga, o advogado deixou a defesa após o jogador admitir participação no esquema ao STJD.

Atritos com Moraes

Chiquini e Moraes protagonizaram diversos embates públicos. Em uma audiência em julho, o ministro interrompeu questionamentos do advogado ao ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias, alegando “tom acusatório” e transformando a oitiva em confronto. Moraes chegou a cassar a palavra de Chiquini durante a audiência:

— O senhor cassou a minha palavra? — questionou o advogado.
— Cassei a palavra — respondeu Moraes.

Não foi o primeiro desentendimento entre os dois. Em outro episódio, o ministro disse: “Doutor, enquanto eu falo, o senhor fica quieto”.

Mais recentemente, Moraes chegou a destituir Chiquini da defesa de Filipe Martins por, supostamente, não ter apresentado as alegações finais no prazo estipulado. A decisão durou apenas um dia. Após críticas públicas e pressão nas redes sociais, o ministro voltou atrás e reintegrou Chiquini à defesa.

Atuação política e 2026 no radar

Filiado ao partido Novo, Chiquini já articula uma possível candidatura à Câmara dos Deputados em 2026. Nos bastidores da legenda, é visto como nome em ascensão, com potencial de captação de votos no eleitorado conservador. O ex-deputado Deltan Dallagnol é apontado como o provável candidato da sigla ao Senado, e os dois têm reforçado a afinidade política em vídeos publicados nas redes.

— Tenho um carinho muito grande com as pautas do Novo e me identifico muito com as pessoas do Novo: você [Deltan], Gui Kilter, deputado federal Marcel [van Hattem] — disse Chiquini, ao lado de Deltan.

Ao lado do vereador Guilherme Kilter (Novo-PR), Chiquini também protocolou recentemente representações no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Controladoria-Geral da União (CGU), questionando gastos da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, em viagens internacionais.

Perfil combativo e polarização

A ascensão de Chiquini ocorre em meio à polarização política que ainda marca o cenário nacional. Com um perfil jurídico aguerrido, linguagem direta e forte presença online, o advogado se posiciona como uma das vozes mais contundentes contra o que considera abusos do Judiciário.

Para aliados do ex-presidente Bolsonaro e setores mais conservadores da sociedade, Chiquini se apresenta como um símbolo de resistência. Para críticos, é mais um nome que aposta na judicialização da política e no confronto institucional.

Independentemente das interpretações, sua presença já é marcante — tanto no Supremo quanto nas redes — e tende a crescer nos próximos meses.

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Bruno Rigacci

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