Histórico! Conservadora é eleita primeira mulher premiê do Japão

Em um momento considerado histórico para a política japonesa, Sanae Takaichi, 64 anos, foi eleita nesta terça-feira (21) como a nova primeira-ministra do Japão. A conservadora do Partido Liberal Democrático (PLD) torna-se a primeira mulher a liderar o governo japonês, após vencer a votação no Parlamento com 237 votos — quatro a mais do necessário para garantir a maioria.

O anúncio foi feito pelo porta-voz do Parlamento, Fukushiro Nukaga, ao final da apuração. A vitória de Takaichi foi comemorada com entusiasmo pelos parlamentares da base aliada e marca uma mudança simbólica na política japonesa, tradicionalmente dominada por homens.

Aliança estratégica garante vitória

A eleição da nova premiê já era esperada desde que ela firmou, na véspera, um acordo de coalizão com o Partido da Inovação do Japão (Ishin), após a saída do Komeito da aliança governista. A movimentação política garantiu apoio suficiente para sua eleição, mesmo diante de uma oposição fragmentada.

– Desde que o Komeito se retirou, exploramos a possibilidade de um novo quadro de coalizão com partidos com políticas próximas. Agora tomaremos medidas econômicas para responder à esperança do povo de abordar a alta dos preços – afirmou o secretário-geral do PLD, Shunichi Suzuki, após a vitória.

Além da maioria obtida na Câmara Baixa, Takaichi também venceu o segundo turno na Câmara Alta contra o opositor Yoshihiko Noda (Partido Democrático Constitucional), por 125 votos a 46.

Oposição dividida

Noda, que lidera o maior partido da oposição, ficou em segundo lugar na votação inicial, com 149 votos. Yuichiro Tamaki (PDP) recebeu 28 votos, enquanto Tetsuo Saito (Komeito), cujo partido deixou recentemente a coalizão após 26 anos, obteve 24. Os votos restantes foram dispersos entre partidos minoritários.

A falta de união entre os partidos opositores favoreceu o avanço de Takaichi, cuja trajetória política inclui uma postura firme em temas de segurança nacional, economia e reforma institucional — características que a colocam como uma figura da ala mais conservadora do PLD.

Novo governo, novos desafios

A nova primeira-ministra assume o cargo em um momento delicado para o país. A inflação, os desafios demográficos, a crise habitacional e o cenário geopolítico na Ásia são pontos críticos que exigirão articulação política e apoio do Parlamento.

O novo gabinete deve ser anunciado e empossado ainda nesta terça-feira. Apesar da vitória, Takaichi inicia seu mandato em minoria, o que obrigará o governo a negociar com partidos de oposição para avançar sua agenda.

– O novo governo terá que assumir responsabilidades com urgência para enfrentar os desafios políticos e econômicos – reforçou Suzuki.

Fim da era Ishiba

A mudança no comando do governo ocorre após a renúncia de Shigeru Ishiba, que deixou o cargo em setembro após pouco mais de um ano no poder. Sua gestão foi marcada por resultados eleitorais negativos, que resultaram na perda da maioria da antiga coalizão no Parlamento.

A escolha de Takaichi nas prévias do PLD, realizadas no último dia 4 de outubro, sinalizou uma guinada conservadora dentro da legenda. Agora, como chefe de governo, ela terá o desafio de equilibrar sua base ideológica com a necessidade de diálogo amplo no Legislativo.

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Bruno Rigacci

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