Lula confirma Boulos na Secretaria-Geral da Presidência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta segunda-feira, 20 de outubro, a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o comando da Secretaria-Geral da Presidência da República. Boulos assume o posto que era ocupado por Márcio Macedo (PT), que deve ser remanejado para outra função no governo, ainda indefinida.

A entrada do líder do PSOL no Palácio do Planalto é vista como um gesto estratégico de Lula para fortalecer os laços com movimentos sociais e reforçar sua base mais à esquerda. Boulos, que por anos liderou o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), terá justamente a missão de reaproximar o governo dessas organizações, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fundamentais nas campanhas petistas, mas que vinham sinalizando distanciamento.

Nome ganha força após manifestação contra PEC da Blindagem

Apesar de enfrentar resistência dentro da cúpula petista, a nomeação de Boulos ganhou tração após a expressiva manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia — projetos que preocupam setores progressistas ao tratarem de punições a parlamentares e manifestantes. O ato reuniu cerca de 42 mil pessoas e foi organizado com protagonismo do próprio Boulos, o que reforçou sua imagem de liderança mobilizadora.

Boulos e os planos para 2028

Mesmo ao assumir um cargo no governo federal, Boulos mantém no horizonte o projeto de se lançar novamente à prefeitura de São Paulo em 2028. Ele foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB) nas eleições de 2024, mas obteve um desempenho considerado sólido e espera consolidar seu nome como principal liderança de esquerda na capital paulista.

Para assumir o posto na Secretaria-Geral, no entanto, Boulos deverá abrir mão de sua candidatura à reeleição como deputado federal. Ainda assim, interlocutores próximos ao presidente não descartam a possibilidade de uma futura candidatura ao Senado, a depender do posicionamento de aliados como Geraldo Alckmin (PSB), atual vice-presidente, e Márcio França (PSB), que almeja disputar o governo de São Paulo.

Márcio Macedo deve disputar vaga na Câmara

Com a saída da Secretaria-Geral, Márcio Macedo deverá se concentrar em sua campanha para a Câmara dos Deputados em 2026. Ele conta com o apoio do senador Rogério Carvalho (PT-SE) e deve manter uma posição relevante na coordenação política do partido, mesmo fora do ministério.

Quem é Guilherme Boulos

Com 43 anos, Guilherme Boulos é uma das figuras mais conhecidas da esquerda brasileira. Formado em Filosofia e mestre em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP), ganhou notoriedade nacional como coordenador do MTST e articulador de movimentos sociais urbanos.

Ele estreou na política institucional em 2018, quando concorreu à Presidência da República pelo PSOL, ficando em 10º lugar com pouco mais de 600 mil votos. Em 2020, foi ao segundo turno na eleição para a prefeitura de São Paulo, mas perdeu para Bruno Covas (PSDB). Em 2022, foi eleito deputado federal com mais de 1 milhão de votos, tornando-se um dos mais votados do país.

Em 2024, voltou a disputar a prefeitura paulistana, mas acabou derrotado por Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito reeleito.

Reações e próximos passos

A nomeação de Boulos deve provocar reações tanto positivas quanto críticas dentro do espectro político. Setores da base aliada mais moderada veem com cautela sua chegada ao Planalto, enquanto movimentos sociais e lideranças de esquerda comemoram a aproximação com um dos seus principais representantes.

Resta saber se, dentro do governo, Boulos conseguirá traduzir sua atuação combativa nas ruas em articulação institucional eficaz — e se essa nova fase ampliará seu capital político rumo a 2028.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies