Fux pede devolução de voto no julgamento de Bolsonaro

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou nesta segunda-feira, 20 de outubro, a devolução de seu voto no julgamento do núcleo central da tentativa de golpe de 2022 para realizar uma revisão gramatical do texto. O documento, com 429 páginas, é o último pendente para a publicação do acórdão — a formalização da decisão final do STF que abre prazo para recursos das defesas dos réus.

Com o pedido de Fux, a publicação do acórdão, que consolida as condenações por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, sofre novo atraso. O voto do ministro já havia sido entregue à Secretaria Judiciária no início de outubro, mas foi retirado antes da finalização da revisão técnica e jurídica.

Voto divergente

Fux votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus já condenados pela maioria da Corte. Ele ficou vencido no julgamento, que reconheceu a existência de um plano articulado para subverter o resultado das eleições de 2022 e derrubar o regime democrático.

Boa parte de seu voto, cerca de 226 páginas, foi dedicada à apresentação das premissas jurídicas da sua decisão, detalhando os critérios legais exigidos para a configuração dos cinco crimes atribuídos aos réus pelo Ministério Público Federal.

A decisão de revisar o texto gramaticalmente é comum em votos mais longos, mas, neste caso, adia um desfecho aguardado por advogados de defesa, Ministério Público e sociedade civil.

Próximos passos

Somente após a publicação do acórdão é que se inicia formalmente o prazo para apresentação de embargos de declaração, que são recursos destinados a esclarecer pontos da decisão ou contestar eventuais omissões, obscuridades ou contradições.

O caso julgado envolve as principais lideranças acusadas de planejar e instigar ações golpistas após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo militares, ex-ministros e o próprio ex-presidente Bolsonaro.

Clima tenso no Judiciário

O julgamento tem provocado forte repercussão política e jurídica. Nos últimos dias, o Conselho Federal da OAB se manifestou contra a condução de inquéritos sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, que relata diversas ações relacionadas aos atos antidemocráticos.

Enquanto isso, aliados de Bolsonaro reforçam a narrativa de perseguição política, ao passo que o STF defende a firme atuação para garantir a integridade do processo democrático.

A expectativa agora recai sobre a publicação do acórdão, que, com a devolução do voto de Fux, poderá sair apenas nas próximas semanas — atrasando, por consequência, qualquer movimentação jurídica das defesas no processo.

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Bruno Rigacci

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