Após reunião frustrada com Rubio, Lula volta a alfinetar Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a se manifestar sobre a relação do Brasil com os Estados Unidos, neste sábado (18/10), durante encontro com estudantes em São Bernardo do Campo (SP). Sem citar diretamente Donald Trump, ele afirmou que pretende criar uma “doutrina latino‑americana” para fortalecer a independência política e econômica da região, de modo que “nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil”.
📍Contexto diplomático
A declaração de Lula ocorre após uma tentativa de aproximação diplomática com os EUA que não rendeu os resultados esperados: a reunião entre ele e o senador republicano Marco Rubio, em Washington, terminou sem avanços nas negociações para reverter as tarifas impostas pelos americanos às exportações brasileiras.
Além disso, o governo brasileiro tem buscado reforçar laços com a China e com outros países da América Latina como parte de uma estratégia de diversificação de parcerias.
🗣️ O que disse Lula
Durante o evento — um “aulão” para cursinhos populares realizado no ginásio Adib Moysés Dib, no Grande ABC — o presidente afirmou:
“Queremos formar uma doutrina latino‑americana, com professores e estudantes latino‑americanos, para que esse continente um dia seja independente. E que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil, porque a gente não vai aceitar”.
Ele também destacou que a defesa da soberania nacional não se trata apenas de “coragem”, mas de “dignidade e caráter”.
🎓 Ambiente e repercussão local
No evento, Lula foi ovacionado pelos estudantes. A faixa pedindo a indicação de “uma mulher negra para o STF” foi exibida, refletindo que o público presente aproveitou para reforçar pautas de representatividade.
Ministros como Camilo Santana (Educação) e Fernando Haddad (Fazenda) estavam presentes no palco.
O discurso ecoa com a agenda de integração regional que o governo tem promovido, especialmente no âmbito da CELAC e outras iniciativas multilaterais.
Implicações e desafios
Integração latino‑americana: A proposta de Lula de criar uma doutrina própria para a América Latina reforça a visão de que o Brasil deve ter um papel de liderança regional, menos dependente de decisões externas.
Relação com os EUA: A fala reforça a tensão diplomática que existia após as tarifas americanas impostas ao Brasil, e a busca brasileira por maior autonomia e diversificação de parcerias.
Realidade prática: Mesmo com o discurso, o Brasil mantém interesses comerciais relevantes com os EUA e a China, o que demanda equilíbrio entre autonomia e pragmatismo.