Moraes manda PF voltar a apurar “interferência” de Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quinta-feira (16) a reabertura do inquérito que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta interferência na Polícia Federal (PF). A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a retomada das investigações com novas diligências.
A investigação, originalmente aberta em 2020, foi arquivada em 2022 após a PF concluir que não havia provas de ingerência política. No entanto, o atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, considerou que surgiram novos elementos que justificam aprofundar as apurações, especialmente no que se refere ao uso indevido da estrutura do Estado.
“É imprescindível que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”, escreveu Gonet no pedido enviado ao STF.
Conexão com a “Abin Paralela”
A PGR defende que as novas diligências devem examinar possíveis relações entre a suposta interferência de Bolsonaro na PF e o funcionamento de estruturas paralelas criadas na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e no Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Esses órgãos, segundo investigações em curso no STF, teriam sido utilizados indevidamente para monitoramento ilegal de autoridades, produção de relatórios clandestinos e até mesmo ações para obstruir investigações sensíveis ao governo Bolsonaro.
“A manifestação é pelo retorno dos autos à Polícia Federal para que seja realizada diligência”, destacou o procurador-geral.
Origem do caso
O inquérito teve início após a demissão do então ministro da Justiça, Sergio Moro, que acusou Jair Bolsonaro de tentar intervir politicamente na Polícia Federal por meio da troca do diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, indicado por Moro.
Na ocasião, trocas de mensagens entre Bolsonaro e o ex-ministro, somadas ao depoimento de Moro, levaram à abertura do inquérito no STF. A PF, no entanto, concluiu em 2022 que não encontrou elementos suficientes para comprovar a acusação, o que levou ao arquivamento do caso.
Com a decisão desta quinta, o inquérito será reencaminhado à Polícia Federal, que deverá cumprir novas diligências investigativas para esclarecer os fatos à luz dos elementos levantados recentemente.