Defesa minimiza atuação da CIA e mantém efetivo brasileiro na Venezuela

A confirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que autorizou a CIA (Agência Central de Inteligência) a conduzir operações secretas na Venezuela foi recebida com cautela pela cúpula do Ministério da Defesa do Brasil. Para os militares brasileiros, trata-se de um problema que diz respeito exclusivamente ao governo de Nicolás Maduro.

Apesar de reconhecerem o aumento da tensão regional, autoridades do governo brasileiro avaliam que não há motivo, por ora, para alterar o posicionamento militar na fronteira. A orientação é manter a atual postura de vigilância, sem qualquer envolvimento direto ou movimentação adicional das tropas.

Atualmente, o Brasil mantém efetivo reforçado ao longo dos mais de dois mil quilômetros de fronteira com a Venezuela, medida adotada desde o agravamento das tensões com a disputa pelo território de Essequibo, entre Venezuela e Guiana. Como o território contestado só pode ser alcançado por via terrestre cruzando o Brasil, a área é considerada estratégica para a segurança regional.

Celso Amorim: “Seria ingenuidade achar que não haverá interferência”

Em entrevista à CNN Brasil, o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, comentou o anúncio feito por Trump:

“Seria muita ingenuidade afirmar que isso [interferência dos EUA na Venezuela] não acontecerá, mas a experiência mostra que a ameaça é levada a um extremo antes de uma negociação. Sejamos otimistas.”

Amorim evitou endossar discursos alarmistas, mas admitiu que há preocupação no Planalto com a instabilidade na região norte da América do Sul.

Postura brasileira: cautela e neutralidade

O governo brasileiro vem adotando uma postura de neutralidade ativa diante da crescente tensão entre Washington e Caracas. O Ministério da Defesa reforça que o Brasil não tem interesse em se envolver diretamente em conflitos regionais, mas também não permitirá que seu território seja usado como corredor de passagem militar, nem por forças estrangeiras, nem por grupos irregulares.

Apesar de manter linhas diplomáticas abertas com os dois lados — EUA e Venezuela —, o Planalto tem evitado declarações duras, apostando em uma estratégia de descompressão por meio da diplomacia regional.

Contexto: Essequibo e ameaças de Maduro

O alerta militar brasileiro foi acionado ainda no ano passado, após ameaças de Nicolás Maduro de invadir a região de Essequibo, território atualmente sob controle da Guiana, mas reivindicado historicamente pela Venezuela. Qualquer movimentação militar venezuelana rumo a Essequibo por via terrestre dependeria da travessia por território brasileiro, o que levou o governo a reforçar a vigilância na área.

A crescente presença de inteligência internacional na região — agora explicitamente confirmada por Trump — reacende alertas sobre possível escalada militar e pressão geopolítica no norte do continente sul-americano.

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Bruno Rigacci

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