CPMI do INSS pede prisão de Milton Cavalo, presidente do Sindnapi

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), apresentou nesta terça-feira (14/10) um pedido de prisão preventiva contra Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). O requerimento aponta indícios de continuidade delitiva, destruição de provas e risco concreto de fuga internacional.

O documento deverá ser votado pela comissão nesta quinta-feira (16/10). Caso aprovado, o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por decidir sobre a eventual decretação da prisão.

O Sindnapi tem entre seus dirigentes o sindicalista Frei Chico, irmão mais velho do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Frei Chico ocupa o cargo de vice-presidente, mas não é investigado no inquérito.

Risco de fuga e ocultação de patrimônio

No requerimento, Alfredo Gaspar sustenta que há indícios de que Cavalo possa tentar deixar o país, utilizando estruturas offshore em paraísos fiscais para dificultar o rastreamento de recursos. Ele também cita o encerramento recente de empresas ligadas ao esquema, como forma de dificultar a investigação e eliminar provas.

Entre os pontos destacados, está o fechamento simultâneo, em 13 de agosto de 2025, da empresa Gestora Eficiente — usada para processar fichas de aposentados e aplicar descontos — e de uma filial da cooperativa financeira Sicoob Credmetal, da qual Cavalo é diretor-presidente.

“Há ainda a necessidade de garantir a instrução processual ante o encerramento abrupto da Gestora Eficiente e da Sicoob Credmetal […] evidenciando possível destruição de provas”, afirma o requerimento.

A Gestora Eficiente tem como sócios a esposa de Milton Cavalo e o marido da coordenadora jurídica do sindicato, Tônia Galleti. Segundo o relator, a empresa lucrou milhões com o repasse de dados e descontos indevidos nos benefícios de aposentados.

Esquema milionário

Segundo as investigações, o Sindnapi teria movimentado pelo menos R$ 8,2 milhões para empresas ligadas a familiares e aliados da diretoria. O total desviado pode chegar a meio bilhão de reais, segundo estimativas da Polícia Federal.

O relator afirma que o caso envolve uma “organização criminosa sofisticada”, com uso de documentos falsos, dados biométricos coletados sem autorização, e triangulação com instituições financeiras para aplicar descontos indevidos em benefícios previdenciários.

“A conduta lesou centenas de milhares de aposentados vulneráveis. Há demonstração de continuidade delitiva e absoluta incompatibilidade com o estado de liberdade”, escreveu Alfredo Gaspar.

Depoimento silenciado

Milton Cavalo prestou depoimento à CPMI do INSS na última quinta-feira (9), mas permaneceu em silêncio durante a maior parte da oitiva, amparado por habeas corpus concedido pelo ministro Flávio Dino, do STF.

Durante a sessão, o relator já havia anunciado que solicitariam a prisão preventiva, o que se confirmou nesta terça.

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Bruno Rigacci

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