Em Israel, Trump afirma que cessar-fogo em Gaza é “amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”
Durante visita oficial a Israel nesta segunda-feira (13), o presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou que um “longo pesadelo finalmente chegou ao fim” para israelenses e palestinos, após a concretização da primeira fase do cessar-fogo em Gaza. O republicano, que se prepara para disputar a presidência novamente em 2024, acompanhou pessoalmente a libertação de reféns israelenses vivos e discursou no parlamento israelense.
“Este é o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”, afirmou Trump, em tom triunfalista. “As forças do caos, do terror e da ruína que assolam a região há décadas estão agora enfraquecidas, isoladas e totalmente derrotadas.”
Libertação de reféns e troca de prisioneiros
A madrugada foi marcada por um dos episódios mais significativos desde o início da escalada do conflito:
20 reféns israelenses vivos foram entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Faixa de Gaza;
Em contrapartida, 1.700 palestinos detidos sem indiciamento formal e 250 prisioneiros que cumpriam longas penas foram libertados na Cisjordânia por autoridades israelenses.
A operação de troca foi amplamente coordenada com o apoio da comunidade internacional e é vista como o primeiro passo concreto para um possível acordo mais amplo de paz regional.
Netanyahu agradece Trump
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um discurso ao lado de Trump e agradeceu pessoalmente o presidente pelo que chamou de “papel decisivo” na retomada das negociações com interlocutores regionais.
“Donald, em nome do povo de Israel, obrigado por nunca abandonar este país. Sua presença aqui hoje marca um novo capítulo”, disse Netanyahu.
A libertação dos reféns ocorre após semanas de pressões diplomáticas e da mediação de países como Egito, Catar e Estados Unidos — com Trump atuando de forma paralela, fora dos canais oficiais da Casa Branca, mas com forte influência sobre aliados israelenses.
Nova coalizão e reconfiguração geopolítica
Durante o discurso no parlamento, Trump afirmou que está nascendo uma “nova coalizão de nações orgulhosas e responsáveis”, numa referência indireta a um possível alargamento dos Acordos de Abraão, iniciativa de seu governo que resultou na normalização de relações diplomáticas entre Israel e países árabes como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão.
“Estamos testemunhando uma mudança sem precedentes no equilíbrio de poder no Oriente Médio. O terrorismo já não dita mais os rumos da região”, declarou Trump.
Ceticismo e reações mistas
Apesar da comemoração, analistas apontam que a situação ainda é extremamente volátil. A libertação dos reféns e dos prisioneiros palestinos gerou reações mistas:
Setores da sociedade israelense celebraram a volta dos sequestrados, mas críticos do governo temem que a libertação em massa de detidos palestinos possa fortalecer grupos radicais;
Líderes palestinos elogiaram o retorno dos prisioneiros, mas questionaram o tom triunfalista de Trump, afirmando que “a ocupação continua” e que o cessar-fogo precisa ser permanente, não temporário.
Contexto
A Faixa de Gaza enfrentou nas últimas semanas uma nova onda de confrontos armados entre Israel e grupos militantes palestinos, com centenas de mortos, milhares de feridos e dezenas de reféns. A trégua, costurada sob intensa pressão internacional, representa uma rara pausa humanitária no conflito, mas ainda não é considerada um acordo de paz definitivo.