Maduro apela ao papa por ajuda à Venezuela

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (6/10) que enviou uma carta ao papa Leão XIV, pedindo sua intervenção para ajudar a restaurar a paz na Venezuela, em meio à crescente tensão diplomática e militar com os Estados Unidos.

A declaração foi feita durante seu programa semanal transmitido pela TV estatal venezuelana, no qual o presidente voltou a condenar a presença de navios de guerra norte-americanos próximos ao litoral venezuelano e classificou as ações dos EUA como “agressão armada”.

“Já pedi ajuda ao papa, ao nosso senhor Jesus Cristo. Eu tenho uma grande fé que o papa Leão, como está escrito na carta que eu mandei, ajude a Venezuela a preservar e alcançar a paz, a estabilidade”, declarou Maduro. “Que o papa Leão 14 abrace a Venezuela com sua palavra, com suas bênçãos, e abrace múltiplas vezes também com a diplomacia do Vaticano.”

Apesar do apelo, o pedido gerou repercussão nas redes sociais e entre analistas por um possível equívoco: não existe atualmente um papa Leão XIV. O último pontífice com esse nome foi Leão XIII, que faleceu em 1903. O atual papa é Francisco, cujo papado começou em 2013. A confusão de nomes não foi corrigida durante o pronunciamento.

Tensão com os EUA aumenta no Caribe

O apelo de Maduro ocorre num momento de escalada nas tensões militares com os Estados Unidos, que mantêm navios de guerra posicionados nas águas internacionais do Caribe, próximas à costa venezuelana. A mobilização faz parte de uma operação norte-americana que, segundo a Casa Branca, visa combater o narcotráfico na região.

A movimentação das forças armadas dos EUA se intensificou após o governo do então presidente Donald Trump acusar Maduro de ser o chefe do cartel de drogas Los Soles, uma organização supostamente ligada às Forças Armadas venezuelanas.

Desde o início das operações, ao menos quatro ataques contra embarcações foram relatados pelos EUA, com a alegação de que os navios transportavam drogas. Em uma das ofensivas, Trump afirmou que a carga apreendida poderia “matar entre 25 mil e 50 mil pessoas”. No entanto, nenhuma prova concreta da ligação direta com o governo venezuelano foi apresentada até o momento.

Em declaração nas redes sociais, o atual chefe do Pentágono, Pete Hegseth, reforçou que uma das embarcações atacadas estaria vinculada a grupos classificados como terroristas por Washington, após mudança recente na política norte-americana que passou a enquadrar cartéis de drogas como organizações terroristas.

Maduro espera intervenção do Vaticano

Ao ser questionado durante a entrevista se realmente espera uma intervenção diplomática do Vaticano, Maduro respondeu:

“Sim, bem, ele [o papa] buscará os caminhos e esperamos que, então, a iniciativa possa ser tomada.”

O Vaticano não comentou o caso até o momento, e não há confirmação oficial de que qualquer carta tenha sido recebida pela Santa Sé.

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Bruno Rigacci

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