Governo Lula amplia em 360% os gastos com anúncios nas redes sociais

Nos últimos 30 dias, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou significativamente sua presença nas redes sociais, com um aumento de 360% nos investimentos em publicidade digital. A principal aposta da atual gestão tem sido o uso de influenciadores, vídeos curtos e conteúdos virais para promover ações governamentais e dialogar com diferentes públicos.

Segundo levantamento da GloboNews com base em dados da Meta — empresa responsável pelo Facebook e Instagram —, o governo federal gastou R$ 8,4 milhões em anúncios impulsionados nas plataformas apenas no último mês. Isso representa uma média de R$ 283 mil por dia, frente aos R$ 77 mil diários registrados nos 60 dias anteriores, quando o total foi de R$ 4,7 milhões.

Com isso, a conta oficial do governo federal se tornou a maior contratante de anúncios políticos nas redes da Meta atualmente.

Foco em temas populares e linguagem acessível

A estratégia digital é comandada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira. Entre os principais temas promovidos nas campanhas recentes estão o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil por mês, a valorização do PIX e do SUS, o programa Luz do Povo e a saída do Brasil do Mapa da Fome.

No dia da votação da isenção do IR, mais de 90% dos anúncios ativos se concentravam nesse assunto, demonstrando a tática de usar momentos legislativos chave para ampliar o impacto digital.

A presença online também tem crescido em números absolutos. O perfil oficial do governo no Instagram ganhou 1,2 milhão de seguidores recentemente, alcançando 2,9 milhões no total.

Influenciadores e redes como peça-chave da comunicação

Um dos pontos centrais da nova abordagem é a contratação de influenciadores digitais. Desde agosto, pelo menos 20 criadores de conteúdo foram mobilizados para produzir vídeos curtos e memes com linguagem informal e alta capacidade de viralização.

Um dos materiais mais comentados foi um vídeo no estilo “gatinhos explicando propostas do governo”, que ganhou ampla repercussão. O uso de humor, memes e formatos adaptados ao estilo das redes tem sido a marca da comunicação sob Sidônio Palmeira.

A mudança representa uma inflexão clara em relação à gestão anterior, liderada por Paulo Pimenta (PT), que priorizava rádios e veículos tradicionais para atingir públicos fora dos grandes centros urbanos.

Para reforçar a estratégia, Mariah Queiroz, ex-responsável pela comunicação do prefeito João Campos (PSB), em Recife, foi nomeada secretária de Estratégias e Redes da Secom. Com a nova estrutura, cerca de 30% do orçamento publicitário da comunicação federal já está destinado às plataformas digitais — ante 20% no ano passado.

Disputa por atenção em tempos de redes sociais

A nova ofensiva do governo nas redes sociais reflete não apenas uma mudança de perfil comunicacional, mas também uma tentativa de disputar narrativas em um ambiente cada vez mais fragmentado e veloz. Com o avanço da extrema-direita nas redes e o enfraquecimento de canais tradicionais, o Palácio do Planalto aposta em engajamento digital como ferramenta central de convencimento e mobilização.

Enquanto opositores criticam o uso de recursos públicos para campanhas de promoção institucional, aliados defendem que a comunicação precisa acompanhar os tempos — e as telas — de uma sociedade conectada.

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Bruno Rigacci

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