Saiba qual megaempresário brasileiro se reuniu com Trump

Enquanto os holofotes internacionais se voltavam para os discursos na Assembleia-Geral da ONU, nos bastidores da Casa Branca, uma reunião reservada entre o empresário brasileiro Joesley Batista, dono da JBS, e o presidente dos Estados Unidos Donald Trump reacendeu discussões estratégicas sobre comércio, tarifas e diplomacia entre Brasil e EUA.

Segundo apuração da Folha de S. Paulo, o encontro ocorreu semanas antes de Trump tecer comentários públicos — tanto elogiosos quanto críticos — sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Brasil durante sua fala na ONU. A reunião também coincidiu com a revogação do visto da presidente do PSOL, que provocou forte reação na esquerda brasileira e causou constrangimento diplomático.

Tarifas na mesa

Durante o encontro, Joesley abordou com Trump a elevação de 50% nas tarifas aplicadas pelos EUA sobre produtos brasileiros, em especial carnes — setor dominado pela JBS, gigante global no ramo de proteína animal. Outro ponto sensível levantado foi a importação de celulose brasileira, importante para o setor de papel e embalagens nos EUA.

De acordo com quatro fontes ouvidas pela Folha, o empresário destacou que “as diferenças comerciais entre Brasil e EUA poderiam ser resolvidas por meio do diálogo entre os dois governos”, sugerindo um canal direto de negociação que bypassa entraves políticos e ideológicos.

Empresários como pontes diplomáticas

O movimento de Joesley não foi isolado. Conforme relatos, grandes empresários brasileiros têm atuado como facilitadores de contatos entre os governos de Lula e Trump. O ex-presidente norte-americano chegou a afirmar que há “química” entre ele e Lula, e sugeriu a possibilidade de uma reunião bilateral para discutir tarifas nas próximas semanas.

A Embraer, da qual o governo brasileiro é acionista, e a própria JBS desempenharam papéis centrais no esforço por uma reaproximação pragmática, tentando blindar as relações comerciais de interferências políticas.

Doações e influência

O vínculo entre Joesley Batista e Donald Trump remonta ao início do segundo mandato do republicano. A Pilgrim’s Pride, controlada pela JBS e uma das maiores fornecedoras de aves nos EUA, foi responsável pela maior doação empresarial individual para a posse de Trump, no valor de US$ 5 milhões — conforme registrado pela Comissão Federal Eleitoral (FEC). A empresa abastece aproximadamente 1 em cada 6 frangos consumidos em solo americano.

Clima político tenso

Apesar do tom amistoso nos bastidores, o clima entre os dois países ficou tenso após o cancelamento do visto da presidente do PSOL, que tem alinhamento próximo ao governo Lula. A decisão americana gerou mal-estar e mobilizou o Itamaraty, que tenta entender se a medida foi pontual ou parte de uma mudança mais ampla na política externa dos EUA sob Trump.

Perspectivas futuras

O diálogo iniciado entre Joesley e Trump pode representar uma reconfiguração nas relações Brasil-EUA, marcadas recentemente por altos e baixos. Para o setor empresarial, uma aproximação que priorize o comércio sobre a política é bem-vinda — ainda que o cenário eleitoral nos dois países adicione imprevisibilidade ao futuro dessas conversas.

Por ora, a estratégia dos bastidores parece surtir efeito: a Casa Branca estuda flexibilizar as tarifas e já articula uma possível cúpula econômica entre autoridades dos dois países.

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Bruno Rigacci

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