Bolsonaro revela arrependimento a Valdemar
O ex-presidente Jair Bolsonaro teria reconhecido que algumas declarações feitas durante seu governo, especialmente durante a pandemia de Covid-19, prejudicaram sua imagem junto ao eleitorado — especialmente entre as mulheres — e impactaram negativamente sua campanha à reeleição em 2022. A informação foi revelada pelo presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto.
Segundo Valdemar, uma fala em específico, proferida durante uma das fases mais críticas da pandemia, teria sido determinante para a perda de apoio feminino: a frase “Eu não sou coveiro”, dita por Bolsonaro em 2020 ao ser questionado sobre o número de mortes por Covid-19 no país.
“Isso ele [Bolsonaro] nem fala. Na pandemia, né? Porque ele teve uns dois episódios na pandemia. Como a imprensa estava em guerra com ele, aquilo não saía da televisão e da internet. Ele fez uma brincadeira um dia. Aquela história: ‘Eu não sou coveiro’”, afirmou Valdemar em entrevista.
Para o dirigente, o episódio teve forte repercussão negativa, principalmente entre o público feminino, responsável majoritariamente pelos cuidados com a família e que vivenciou de forma mais intensa os impactos da pandemia.
“Aquilo foi mortal para esse pessoal que tinha parente doente, e principalmente para as mulheres que cuidam das crianças, que cuidam da família. E ele perdeu muito voto com as mulheres. Por isso que nós queríamos uma mulher de vice. Era importante”, completou o presidente do PL.
Apesar da estratégia pensada pela cúpula do partido, a chapa de Bolsonaro à reeleição acabou sendo composta por dois homens: ele próprio como candidato à Presidência e o general Walter Braga Netto — ex-ministro da Defesa e ex-ministro-chefe da Casa Civil — como vice.
A declaração de Valdemar joga luz sobre os bastidores da campanha de 2022, marcada por forte polarização e por episódios polêmicos envolvendo o então presidente. Apesar de ter recebido expressiva votação, Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.