Na Itália, Flávio diz que o país tem “perseguidos políticos” do Brasil
Durante um evento promovido pela Liga, partido de direita da Itália, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e pediu que o governo italiano não extradite a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-assessor Eduardo Tagliaferro, ambos investigados no Brasil e atualmente no país europeu.
Em um discurso inflamado, o parlamentar acusou Moraes de comandar uma “corte de caça” e comparou sua atuação à de regimes autoritários latino-americanos.
“O Brasil tem o ministro da nossa corte de caçar. Ele condenou Bolsonaro por atos antidemocráticos apenas por criticar o sistema eleitoral e fazer discursos contra a esquerda corrupta”, afirmou Flávio, em referência ao julgamento de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornou inelegível até 2030.
Eduardo Bolsonaro “exilado”
Flávio também relatou que seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), vive atualmente exilado nos Estados Unidos com a família, e que uma decisão judicial teria imposto a ele a proibição de se comunicar com Jair Bolsonaro.
“Isso mesmo. Um juiz proibiu o filho de falar com o próprio pai”, disse, sem citar o processo ou o magistrado responsável pela suposta decisão.
A fala foi recebida com aplausos por militantes da Liga e outros representantes da direita internacional presentes no evento, realizado em Milão.
Pedido para que Itália não extradite Zambelli e Tagliaferro
O senador usou a oportunidade para fazer um apelo público ao governo italiano para que não aceite pedidos de extradição da deputada Carla Zambelli e de Eduardo Tagliaferro, que atuou como assessor de Moraes no Supremo e recentemente prestou depoimento à Comissão de Segurança Pública do Senado.
“Peço que a Itália não mande Carla Zambelli e Tagliaferro de volta, pois lá ela poderá morrer na cadeia injustamente”, declarou Flávio, sem apresentar provas das acusações.
Zambelli é investigada em inquéritos que tramitam no STF, incluindo supostos atos antidemocráticos, e Tagliaferro passou a ser tratado como delator após relatar supostas irregularidades envolvendo o ministro Moraes.
Acusações contra a imprensa
Flávio Bolsonaro também criticou duramente a imprensa brasileira, acusando veículos de comunicação de contribuírem para a violência política contra líderes conservadores.
“Grande mídia, pare de mentir sobre nós. Pare de nos chamar de extremistas, pois vocês têm parcela de responsabilidade na facada em Jair Bolsonaro e no tiro em Donald Trump”, afirmou, referindo-se ao atentado sofrido por seu pai em 2018 e ao atentado recente contra o ex-presidente norte-americano, em julho de 2024.
Repercussão
O discurso do senador repercutiu entre parlamentares e apoiadores da direita nas redes sociais. Até o momento, não houve resposta oficial do Supremo Tribunal Federal, nem do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Carla Zambelli e Eduardo Tagliaferro ainda não se manifestaram publicamente sobre os pedidos de extradição ou sobre o discurso do senador.
Contexto internacional
A presença de políticos brasileiros em eventos da direita europeia tem se tornado mais comum desde 2019, com a aproximação de partidos como a Liga italiana, o Vox espanhol e figuras da chamada nova direita global.
A ida de Flávio Bolsonaro à Itália ocorre em meio a crescentes tensões institucionais no Brasil, envolvendo o STF, o Congresso e o governo federal, e levanta questões diplomáticas caso o país europeu seja formalmente acionado a se posicionar sobre pedidos de asilo ou extradição de parlamentares brasileiros.