Advogado famoso e cheio de soberba perde o rumo na CPMI e vira tão suspeito quanto o Careca do INSS
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS teve um dos momentos mais tensos de sua atuação nesta semana, quando o advogado Nelson Wilians, um dos mais conhecidos do país, foi duramente confrontado por parlamentares e passou a ser tratado como suspeito formal dentro do colegiado.
Wilians, fundador do NWADV, escritório de advocacia de atuação nacional, foi questionado sobre sua suposta participação em esquemas envolvendo contratos públicos, influência política e lavagem de dinheiro, e sua relação com figuras-chave do PT, como o ex-ministro José Dirceu, e com investigados diretos no escândalo que envolve fraudes bilionárias na Previdência Social.
Confronto Direto na Comissão
O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), foi incisivo ao questionar Wilians sobre como seu escritório cresceu exponencialmente após contratos com o Banco do Brasil, supostamente viabilizados por sua ligação com Dirceu.
Em seguida, o deputado Marcel van Hattem (NOVO-RS) subiu o tom e fez uma acusação direta:
“O senhor mente. Tem a ver com tudo que é investigado. A Polícia Federal o considera suspeito.”
O advogado, visivelmente desconfortável, se recusou a responder a diversas perguntas, incluindo se é alvo de investigação formal ou se teve sua prisão preventiva solicitada pela PF ao ministro do STF André Mendonça — informação que consta em documentos vazados à imprensa, segundo membros da comissão.
Suspeição e Ligação com o “Careca do INSS”
Após o depoimento, integrantes da CPMI passaram a tratar Wilians com o mesmo grau de suspeição já atribuído ao empresário conhecido como o “Careca do INSS”, um dos supostos líderes do esquema que desviou recursos da Previdência por meio de contratos fraudulentos, servidores cooptados e falsificação de laudos.
A linha de investigação aponta que Wilians poderia ter funcionado como ponte jurídica para blindagem patrimonial e lavagem dos recursos oriundos dos desvios, por meio do uso de empresas e escritórios vinculados ao NW Group.
Relação com Fernando Cavalcante
Outro ponto crítico do depoimento foi a tentativa frustrada de Wilians de explicar sua relação com Fernando Cavalcante, apontado como um dos operadores do esquema, conhecido por ostentar dezenas de carros de luxo, movimentações financeiras atípicas e, segundo os autos da investigação, sócio de 20% do NW Group, holding empresarial ligada ao advogado.
Cavalcante também é investigado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e ocultação de patrimônio, e já teve bens bloqueados por decisão judicial.
Wilians, durante o depoimento, minimizou a relação, mas não conseguiu apresentar documentos ou argumentos que convencessem os parlamentares da Comissão.
Imagem Abalada e Próximos Passos
A performance de Wilians na CPMI foi considerada “desastrosa” por senadores e deputados, inclusive por aliados do governo que esperavam que o advogado pudesse se defender com mais consistência.
Nos bastidores, cresce a pressão para que a Polícia Federal avance com pedidos de indiciamento, e há rumores de que novas diligências e quebras de sigilo bancário e fiscal possam atingir tanto o advogado quanto membros de sua equipe jurídica.
Segundo o relator Alfredo Gaspar, o advogado sai da CPMI “formalmente suspeito, política e criminalmente exposto”. Já o senador Eduardo Girão classificou o depoimento como “um retrato da promiscuidade entre dinheiro público e interesses privados”.
A CPMI deverá apresentar nas próximas semanas um relatório parcial com os nomes dos suspeitos já identificados — e Nelson Wilians estará entre eles, segundo fontes próximas à comissão.
A defesa de Nelson Wilians ainda não se pronunciou oficialmente após o depoimento.
O espaço segue aberto para manifestação.