Vaza reação dentro do STF ante a aprovação da PEC da Blindagem
A aprovação da chamada “PEC da Blindagem” pela Câmara dos Deputados reacendeu o debate sobre os limites entre os poderes da República e provocou uma onda de apreensão nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF). A proposta — que ainda precisa passar pelo Senado — estabelece que apenas o Congresso poderá autorizar o recebimento de denúncias criminais e a prisão de seus próprios membros, restringindo a atuação direta da Corte em casos envolvendo parlamentares.
Reações no Supremo: divisão e cautela
Entre os ministros do STF, a proposta gerou reações divididas. O ministro Flávio Dino, ex-ministro da Justiça, já se manifestou publicamente contra a medida e estuda apresentar uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI), levando o caso ao plenário da Corte. Ele avalia que a PEC compromete mecanismos fundamentais de responsabilização penal e pode gerar um ambiente de impunidade institucionalizada.
Já o ministro Cristiano Zanin, indicado por Lula, também teria externado preocupação, argumentando que a medida viola o princípio da igualdade perante a lei ao criar um tratamento diferenciado para integrantes do Congresso.
O ministro Alexandre de Moraes, alvo frequente de críticas do Legislativo, teria participado de conversas iniciais com parlamentares, mas se afastou das discussões e nega qualquer envolvimento na redação final do texto.
Outros ministros optaram por manter silêncio público, adotando postura de cautela institucional, enquanto o ambiente político segue instável.
Judicialização à vista
Nos bastidores do Congresso, partidos e parlamentares contrários à PEC já articulam ações no STF questionando sua constitucionalidade. A principal crítica recai sobre a possível violação do princípio da separação de poderes e o enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos previsto na Constituição Federal.
A expectativa é que, caso o texto avance no Senado ou seja promulgado, a judicialização seja imediata, colocando o Supremo diante do desafio de julgar uma proposta que impacta diretamente seu próprio poder de atuação.
Novo embate institucional
Para aliados da proposta, a PEC representa um reforço à autonomia do Congresso Nacional e uma resposta ao que classificam como “excessos” do Judiciário em decisões que envolvem o Legislativo. Críticos, no entanto, enxergam uma manobra para blindar parlamentares de investigações e ações penais, especialmente em tempos de alta tensão entre os Poderes.
O episódio reacende a disputa entre Legislativo e Judiciário e cria um novo foco de instabilidade institucional, num momento em que o país já enfrenta pressões internas e externas, como a recente escalada diplomática envolvendo autoridades dos Estados Unidos e o STF.
Próximos passos
Com a matéria ainda pendente de votação em segundo turno na Câmara e posterior apreciação no Senado, o clima é de incerteza. Parlamentares e juristas avaliam que, mesmo que aprovada, a PEC dificilmente resistirá a um teste de constitucionalidade no STF — mas isso dependerá da postura institucional da Corte nos próximos meses.
Enquanto isso, o conflito entre os Poderes segue em aberto, com a sociedade e o mundo político observando de perto os desdobramentos de uma proposta que pode redesenhar o equilíbrio entre Judiciário e Legislativo no Brasil.