PL tornará Eduardo Bolsonaro líder para tentar salvar mandato dele
Em uma movimentação política considerada uma “manobra de salvação”, deputados do Partido Liberal (PL) decidiram indicar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como o novo líder da minoria na Câmara dos Deputados. A medida tem como objetivo evitar que o filho “03” do ex-presidente Jair Bolsonaro perca o mandato por excesso de faltas não justificadas, já que está autoexilado nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano.
A oficialização da indicação será feita em coletiva de imprensa nesta terça-feira (16), às 15h, no Salão Verde da Câmara, liderada pela atual líder da minoria, deputada Caroline de Toni (PL-SC).
Manobra regimental
De acordo com o regimento interno da Câmara, ao assumir um cargo de liderança, o parlamentar não é obrigado a registrar presença em plenário, o que isenta Eduardo Bolsonaro de justificar suas ausências, que já vinham sendo contabilizadas como faltas.
Se a indicação for confirmada pela presidência da Casa, Eduardo evitará a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar, que poderia resultar na cassação de seu mandato.
Como foi articulado
A articulação foi liderada pelo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), em parceria com Caroline de Toni, que abriu mão do posto em um gesto político de apoio ao clã Bolsonaro.
Com Eduardo fora do país, Caroline será indicada como primeira-vice-líder da minoria, ficando responsável pelas negociações e articulações presenciais em Brasília. Internamente, a escolha é vista como uma solução temporária, mas eficaz, para blindar o deputado enquanto ele permanece nos EUA.
Hugo Motta já foi avisado
Segundo fontes do partido, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já foi informado da decisão por Sóstenes Cavalcante. De acordo com aliados, Motta não teria demonstrado resistência à indicação.
No entanto, a oficialização depende de despacho do presidente da Casa, que pode ser pressionado por outros partidos da oposição ou por integrantes do Conselho de Ética a rever a decisão, dada a situação de ausência prolongada e as investigações que envolvem o deputado.
Contexto e investigações
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde fevereiro, inicialmente sob alegação de compromissos políticos e pessoais. Sua licença parlamentar venceu, e desde então suas ausências passaram a ser computadas como faltas.
Além disso, ele é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) ligadas à trama golpista de 8 de janeiro, incluindo bloqueio de bens e contas bancárias, e teme ser preso caso retorne ao Brasil — algo que ele classifica como “perseguição judicial”.
O que esperar da coletiva
Na coletiva desta tarde, o PL deve:
Confirmar oficialmente Eduardo Bolsonaro como novo líder da minoria;
Apresentar Caroline de Toni como vice-líder com funções executivas em Brasília;
Reforçar a tese de perseguição judicial como justificativa para a ausência do deputado;
Desviar o foco de eventuais questionamentos sobre quebra de decoro.