Lula reduz comitiva a Nova York temendo tensões com governo Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu reduzir significativamente o tamanho da comitiva presidencial que o acompanhará na próxima viagem aos Estados Unidos, onde participará da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. A medida visa evitar constrangimentos diplomáticos com o governo do presidente norte-americano Donald Trump, que reassumiu o cargo em janeiro deste ano.
Segundo informações do portal Poder360, Lula optou por excluir todos os parlamentares da missão oficial. A decisão marca uma mudança de postura em relação a viagens anteriores, quando deputados e senadores eram frequentemente incluídos na delegação para fortalecer o diálogo político com outros países e instituições multilaterais.
Temor de Restrições e Sanções
O Planalto avalia que a presença de certos nomes na comitiva poderia gerar reações indesejadas por parte da administração Trump, conhecida por adotar medidas unilaterais e sanções com base em leis como a Lei Magnitsky, que pune envolvidos em corrupção e violações de direitos humanos ao redor do mundo.
Além disso, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também optaram por não integrar a comitiva. Ambos consideram que a participação na missão poderia ser interpretada como um gesto de alinhamento político com o governo Lula — algo que pretendem evitar, especialmente diante da polarização atual no Congresso.
Na viagem de 2024, Lula esteve acompanhado pelo então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que marcaram presença ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva no plenário da ONU durante o discurso do presidente brasileiro.
Comitiva Enxuta
Para a edição deste ano da Assembleia-Geral, os nomes confirmados até o momento incluem:
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas
Tarciana de Medeiros, presidente do Banco do Brasil
Outros integrantes da comitiva ainda aguardam confirmação de agenda e aprovação de visto para integrar oficialmente a delegação.
Em nota, o Itamaraty afirmou que parte dos pedidos de visto ainda está em análise pelo consulado dos Estados Unidos. Segundo o ministério, não há indicação de negativas até o momento, e os trâmites seguem “dentro da normalidade”, conforme informado pelas autoridades norte-americanas.
A Assembleia-Geral da ONU é considerada uma das principais vitrines da diplomacia internacional. A participação do Brasil tradicionalmente abre os discursos no plenário da organização, uma prerrogativa que se mantém desde 1947.