Na tarde desta quinta-feira, 11 de setembro, o jornalista William Bonner entrou ao vivo no Plantão da Globo para anunciar uma das decisões judiciais mais impactantes da história recente do Brasil: a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão.
A condenação é resultado do julgamento que investigou a participação de Bolsonaro na articulação de uma suposta trama golpista para tentar impedir a alternância de poder após as eleições de 2022. O placar foi de 4 votos a 1 pela condenação.
Crimes imputados
O ex-presidente foi condenado por cinco crimes:
Tentativa de golpe de Estado
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Organização criminosa armada
Dano qualificado
Deterioração de patrimônio tombado
Os ministros que votaram pela condenação foram Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O único voto divergente foi do ministro Luiz Fux, que contestou a pena aplicada, embora tenha reconhecido a gravidade dos atos.
Segundo os ministros, há provas robustas da atuação direta de Bolsonaro na tentativa de articular um golpe de Estado, inclusive com apoio de militares e ex-integrantes de seu governo.
Bonner no Plantão e a reação da web
A escolha de William Bonner para apresentar o Plantão da Globo chamou atenção nas redes sociais. O âncora do Jornal Nacional foi um dos principais alvos de críticas e ataques por parte de Bolsonaro e seus apoiadores ao longo de seu mandato (2019–2022), especialmente durante a pandemia de covid-19, quando confrontou o então presidente por declarações negacionistas e atitudes controversas.
A presença de Bonner neste momento simbólico foi vista por muitos internautas como um “ato de justiça poética”. No X (antigo Twitter), milhares de publicações mencionaram o jornalista, com memes, reações emocionadas e críticas políticas.
Outros condenados
Além de Bolsonaro, a 1ª Turma do STF também condenou outros nomes importantes da antiga cúpula do governo:
Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa)
Anderson Torres (Justiça)
Augusto Heleno (GSI)
Paulo Sérgio Nogueira (Defesa)
Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do Planalto
Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
Todos foram apontados como integrantes ou colaboradores da organização criminosa responsável por planejar ações contra a democracia brasileira.
Repercussão política
A condenação já provoca intensa reação no meio político. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou uma mensagem enigmática sobre “justiça”, enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, classificou a sentença como “injusta” e motivada por “viés ideológico”.
A decisão ainda deve ser alvo de recursos por parte da defesa do ex-presidente, mas representa, neste momento, uma derrota sem precedentes para Bolsonaro e seus aliados mais próximos.