Vaza o “surto” no Governo Lula com o voto de Fux

Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiram com forte descontentamento ao voto do ministro Luiz Fux no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizado nesta quarta-feira (10/9) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Fux absolveu Bolsonaro dos cinco crimes que compunham a denúncia sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, decisão que gerou críticas duras e reservadas dentro do Palácio do Planalto.

Sob condição de anonimato, um ministro próximo a Lula classificou a atuação de Fux como “um show político” e disse que o magistrado “jogou para a plateia”.

“Já se esperava um show. Um voto totalmente incoerente com o próprio entendimento e com a atuação dele nesse processo. Ele está fazendo comício”, disparou o auxiliar, em tom de revolta.

Bastidores da insatisfação

De acordo com interlocutores próximos ao presidente, o voto de Fux já era considerado “previsível” nos bastidores do governo. A avaliação interna era de que o ministro tenderia a se alinhar a Bolsonaro e aos demais acusados na ação penal, o que acabou se confirmando com sua decisão.

Outros membros do alto escalão do governo também expressaram desconforto com o teor político do voto, que segundo eles destoou do rigor técnico esperado de um julgamento dessa magnitude.

Apesar da insatisfação, auxiliares diretos de Lula reforçaram que o governo manterá posição institucional diante da decisão, ainda que considerem o voto de Fux como parte de um movimento de blindagem ao ex-presidente.

Voto polêmico

No mérito, Luiz Fux acolheu diversos argumentos das defesas de Bolsonaro e dos demais acusados. Entre os pontos levantados, o ministro considerou a Primeira Turma do STF incompetente para julgar o caso e reconheceu a inexistência de provas suficientes para configuração dos crimes de tentativa de golpe, associação criminosa e outros ilícitos previstos na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República.

A decisão foi interpretada por aliados de Bolsonaro como uma vitória política e jurídica, reforçando sua narrativa de perseguição e “vitimização” nas esferas do Judiciário.

Reação no Congresso

No Congresso Nacional, parlamentares do Partido dos Trabalhadores também reagiram com críticas. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou antes mesmo da conclusão do julgamento que o resultado já era “previsto” pela bancada petista.

“Não havia expectativa de que Fux se posicionasse de forma diferente. A leitura no partido era clara: ele ia votar com Bolsonaro”, afirmou Lindbergh.

A oposição, por sua vez, comemorou o desfecho como uma “prova” de que Bolsonaro está sendo injustamente acusado por motivações políticas.

Próximos passos

Mesmo com a decisão favorável a Bolsonaro nesta etapa do processo, o julgamento ainda pode ser rediscutido em outras instâncias, caso algum ministro peça vista ou destaque a matéria para o plenário do STF.

Por ora, a absolvição representa um respiro para o ex-presidente em meio a uma série de investigações e processos que ainda tramitam na Justiça.

Enquanto isso, o governo Lula busca conter os ânimos e reforçar o discurso institucional, apesar da indignação latente nos bastidores do Planalto.

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Bruno Rigacci

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