Deltan celebra voto de Fux e cita expressão de conversa vazada: ‘In Fux we trust’

O ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol voltou aos holofotes nesta quarta-feira, 10, ao comemorar publicamente o voto do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de Jair Bolsonaro e outros réus acusados de participação em uma suposta trama golpista. Em sua conta no X (antigo Twitter), Dallagnol publicou a frase “In Fux we trust”, ecoando um diálogo emblemático da época da Operação Lava Jato.

A expressão, que significa “Em Fux nós confiamos”, foi dita originalmente pelo então juiz Sérgio Moro em uma conversa com Dallagnol no Telegram, em abril de 2016. Na ocasião, Moro e os procuradores celebravam o suposto apoio de Fux à operação, após o vazamento de ligações entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.

“Os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições”, escreveu Dallagnol à época em um grupo de procuradores.

Em resposta, Moro disse: “Excelente. In Fux we trust.”

Voto de Fux surpreende e beneficia Bolsonaro e aliados

Durante o julgamento retomado nesta quarta-feira, o ministro Luiz Fux votou pela incompetência do STF para julgar o caso e pela absolvição dos acusados do crime de organização criminosa. Para ele, a mera reunião de agentes em torno de um plano criminoso não é suficiente para configurar esse tipo penal.

“A imputação do crime de organização criminosa exige mais do que a reunião de vários agentes para a prática de delitos”, afirmou Fux em seu voto.

Ele também destacou que “a existência de um plano criminoso não basta” para configurar o crime e citou precedentes do julgamento do Mensalão, em que nomes como José Dirceu e José Genoíno foram absolvidos dessa acusação.

Fux ainda acolheu argumentos das defesas sobre a violação da ampla defesa, apontando que o volume de provas e o curto prazo para análise comprometeram o direito dos réus ao contraditório.

Lava Jato, influência política e desgaste

Dallagnol, que liderou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba entre 2014 e 2020, foi uma figura central na operação que sacudiu a política brasileira. No entanto, a divulgação de mensagens entre ele, Moro e outros membros do Ministério Público, em 2019, pelo site The Intercept Brasil, abalou a imagem da operação. Os diálogos sugeriam colaboração indevida entre juiz e acusação, o que foi posteriormente criticado por ministros do STF como uma violação à imparcialidade judicial.

A publicação de Dallagnol nesta quarta-feira parece resgatar os tempos de influência da Lava Jato e mostra que, apesar dos reveses, o ex-procurador ainda aposta em aliados dentro da Corte.

Repercussão e críticas

A publicação de Dallagnol reacendeu debates nas redes sociais sobre o papel do STF, a politização do Judiciário e os resquícios da Operação Lava Jato. Críticos apontaram que o elogio público a um ministro da Corte por um ex-procurador investigado por condutas no exercício da função reforça a percepção de alinhamentos ideológicos entre parte do Judiciário e operadores da Lava Jato.

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Bruno Rigacci

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