Deputado preso é acusado de ser um dos chefes do Comando Vermelho

Preso na manhã da última quarta-feira (3), o deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, é alvo de investigações que o colocam no centro de uma organização criminosa ligada ao Comando Vermelho (CV). Segundo a Polícia Federal, além de envolvimento com tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, o parlamentar também atuaria na negociação de armas para a facção.

As investigações revelam que TH Joias integra o chamado “Núcleo de Liderança” do Comando Vermelho, tendo papel direto na intermediação de compras e vendas de armamentos, além de atuar como operador financeiro da quadrilha.

R$ 5 milhões em espécie e operações de câmbio clandestinas

De acordo com a PF, em abril de 2024, TH Joias teria sido chamado por Gabriel Dias de Oliveira, o “Índio do Lixão”, para trocar R$ 5 milhões em espécie por dólares. O dinheiro, segundo as investigações, pertencia a Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, chefe do CV no Complexo do Alemão.

Imagens obtidas pela PF mostram TH Joias deitado sobre uma cama coberta por notas de real. Em mensagens interceptadas, TH confirma o recebimento do dinheiro e a operação de câmbio.

A quantia foi dividida: R$ 1,02 milhão foi entregue a Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, conhecido como Dudu, assessor de TH, que realizou a troca em uma casa de câmbio em Copacabana. O restante foi levado para a casa do parlamentar, na Barra da Tijuca.

A PF afirma que o montante foi devolvido aos traficantes em três encontros, totalizando US$ 1 milhão — valor compatível com a cotação da época. TH Joias teria lucrado R$ 50 mil com a operação.

Ligação com delegado federal e infiltração no sistema

Além do envolvimento direto com criminosos, as investigações apontam para uma rede de proteção institucional. Também foi preso na operação o delegado federal Gustavo Stteel, acusado de fornecer informações sigilosas ao grupo criminoso.

Trocas de mensagens entre TH e Índio, em fevereiro de 2024, indicam que o deputado estaria tentando facilitar o acesso do delegado à Sapucaí, durante o carnaval. Ao ser questionado sobre quem seria o “irmão” citado em uma das mensagens, TH respondeu que se tratava de um delegado federal — o que, para os investigadores, seria uma referência direta a Gustavo Stteel.

Perda de mandato e fuga de liderança do CV

TH Joias, que assumiu o mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em junho deste ano, perdeu o cargo automaticamente após a prisão. O assessor Luiz Eduardo também foi detido. Já Luciano “Pezão”, apontado como chefe da facção no Alemão, não foi localizado durante a operação.

As revelações colocam em xeque a integridade de setores do poder público do Rio e expõem uma preocupante infiltração do crime organizado no sistema político e de segurança.

As investigações continuam, e a PF não descarta novas prisões nos próximos dias.

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Bruno Rigacci

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