Petista “dorme de touca”, oposição age e aprova investigação nos Correios em que Haddad será convocado (veja o vídeo)

A oposição no Senado Federal aproveitou um momento de desatenção da base governista para emplacar uma importante medida de fiscalização contra os Correios. Nesta quinta-feira (4), a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) aprovou uma Proposta de Fiscalização e Controle (PFC) sobre a estatal, apelidada de “mini-CPI” dos Correios.

A votação ocorreu durante a ausência do senador Rogério Carvalho (PT-SE), integrante da base aliada ao governo, o que facilitou a aprovação do requerimento sem resistência. A proposta foi apresentada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Crise financeira como pano de fundo

O estopim da investigação é a situação crítica da empresa pública. Os Correios registraram um rombo de R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2025, mais que o triplo do déficit de R$ 1,35 bilhão verificado no mesmo período de 2024.

Diante desses números, a oposição quer entender as causas da deterioração financeira da estatal. O plano de fiscalização prevê uma força-tarefa entre a CTFC e o Tribunal de Contas da União (TCU), com acesso a documentos, contratos e até inquéritos da Polícia Federal ligados à empresa.

Convocação de ministros e reação do governo

O relatório aprovado por Flávio Bolsonaro inclui convocações de três ministros do governo Lula:

  • Fernando Haddad, da Fazenda

  • Frederico Siqueira, das Comunicações

  • Esther Dweck, da Gestão e Inovação em Serviços Públicos

A proposta também contempla dezenas de ações, como coleta de depoimentos, análises contábeis, pedidos de informações e documentos administrativos.

O senador Rogério Carvalho, que chegou à sessão logo após a votação, protestou contra a manobra. “Vim correndo. Vossa excelência abriu sumariamente e botou em votação, sem que a gente tivesse o direito de se manifestar, numa manobra clara (…) de atropelar o processo para não ter debate”, reclamou, dirigindo-se ao presidente da reunião, senador Dr. Hiran (PP-RR).

Carvalho afirmou que irá apresentar uma questão de ordem à Mesa Diretora do Senado, alegando que a proposta extrapola os limites da comissão, inclusive envolvendo empresas privadas e atribuições que seriam de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI).

Flávio Bolsonaro responde: “O direito não assiste aos que dormem”

O relator Flávio Bolsonaro respondeu às críticas com ironia. “O direito não assiste aos que dormem”, disse, ao justificar a aprovação do requerimento sem a presença da base governista.

Apesar de não ter força legal de uma CPI formal, a Proposta de Fiscalização e Controle tem capacidade significativa de constranger o governo e ampliar a visibilidade política da oposição no Senado, principalmente em um momento de desgaste de estatais e suspeitas de má gestão.

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Bruno Rigacci

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