1ª dama perde cargo em escândalo: Acusação é de fraude em licitações em parceria com ex-marido
O ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou nesta quarta-feira (3) o afastamento por 180 dias do governador do Tocantins, Wanderley Barbosa (Republicanos), e da primeira-dama, Karynne Sotero Campos, de seus cargos públicos. A medida foi tomada no âmbito da segunda fase da Operação Fames-19, deflagrada pela Polícia Federal para apurar um esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos durante a pandemia de Covid-19.
As investigações apontam que contratos firmados entre 2020 e 2021 para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados, que somam R$ 97 milhões, foram marcados por irregularidades, direcionamento de licitações e desvios que ultrapassam R$ 73 milhões. Parte dos valores teria origem em emendas parlamentares destinadas ao estado.
Karynne Campos, que ocupava o cargo de secretária extraordinária de Participações Sociais, é apontada como figura central no esquema. A Polícia Federal também mira o ex-marido dela, Paulo César Lustosa, o “PC Lustosa”, que aparece como intermediador das negociações ilícitas. Em mensagens interceptadas, Lustosa chega a afirmar que a negociação de propinas era sua “principal atividade laboral”.
Segundo a PF, o dinheiro desviado teria sido utilizado para custear um estilo de vida luxuoso dos envolvidos, incluindo a aquisição de gado, construção de empreendimentos de alto padrão e despesas pessoais. Um dos patrimônios sob investigação é a Pousada Pedra Canga, em construção na Serra de Taquaruçu, supostamente financiada com recursos desviados.
As apurações indicam ainda que o esquema teria se consolidado após a saída do ex-governador Mauro Carlesse, em 2021. Em conversas captadas pelos investigadores, PC Lustosa menciona a “gula por dinheiro” de Wanderley Barbosa e relata pagamentos em espécie ao atual governador.
Além do casal governamental, dez deputados estaduais e empresários do ramo alimentício também estão sob investigação. As mensagens e documentos obtidos pela PF sugerem que empresas vencedoras dos contratos já eram previamente escolhidas, com outras apenas simulando participação para dar aparência de legalidade às licitações.
Para cumprir as medidas judiciais, cerca de 200 policiais federais cumpriram 51 mandados de busca e apreensão em Palmas e Araguaína (TO), além de endereços no Distrito Federal, Maranhão e Paraíba. O Palácio Araguaia, sede do governo do Tocantins, e a Assembleia Legislativa do estado também foram alvos da operação.
O STJ determinou ainda o bloqueio de bens e valores dos investigados. As investigações seguem em sigilo.