Revelado quem foi o único réu a comparecer ao julgamento no STF
O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, foi o único entre os oito réus do chamado “Núcleo 1” a comparecer presencialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (2), para acompanhar o início do julgamento que analisa a suposta tentativa de golpe de Estado atribuída a membros do alto escalão do governo anterior.
Nogueira chegou à sede da Corte com um dos ombros imobilizado, consequência de uma cirurgia recente. Mesmo assim, fez questão de acompanhar a sessão de perto, em contraste com os demais acusados — entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro — que optaram por não comparecer.
“Confio na Justiça. Vou ficar quietinho aqui para ver o que vai acontecer”, afirmou o general ao chegar ao STF, em tom sereno e contido.
A presença dos réus não é obrigatória, conforme determina o rito do julgamento. Bolsonaro, por exemplo, acompanha a sessão de casa, onde cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, após decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Postura simbólica
A escolha de Nogueira por comparecer ao julgamento pode ser interpretada como um gesto simbólico de respeito ao processo judicial e confiança na própria inocência. Enquanto a maioria dos réus optou por manter distância, a atitude do general — que foi comandante do Exército e ministro da Defesa durante o governo Bolsonaro — chamou atenção nos bastidores da Corte.
Até o momento, a defesa de Nogueira sustenta que ele não participou de qualquer articulação golpista, e que apenas cumpria funções institucionais no cargo que ocupava.
O julgamento
O julgamento do “Núcleo 1” marca a fase mais delicada das ações penais relacionadas aos eventos de 8 de janeiro de 2023 e às investigações sobre supostos planos para anular as eleições de 2022 por meio de um golpe militar. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa os réus de envolvimento direto em uma trama que previa a elaboração de minutas golpistas, tentativa de cooptação de comandantes militares e uso da estrutura do Estado para subverter a ordem democrática.
As sessões devem se estender ao longo da semana, e a expectativa é de que as penas — em caso de condenação — sejam duras, dada a gravidade das acusações.