Fim do cafezinho? Decisão de Lula pode colocar em risco o futuro da produção de café no Brasil (veja o vídeo)
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) emitiu nesta sexta-feira um posicionamento firme contra o início do processo de aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica pelo governo federal contra os Estados Unidos. A entidade classifica a medida como “prematura” e alerta para os possíveis danos ao setor cafeeiro brasileiro e às relações comerciais bilaterais.
A movimentação do governo Lula acontece em resposta à inclusão do café brasileiro na lista de produtos que podem sofrer tarifas de 50% para entrada no mercado norte-americano, conforme previsto na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA. No entanto, segundo o Cecafé, a retaliação pode agravar ainda mais o cenário.
“O cenário necessário e mais coerente, nesse momento, é a manutenção do diálogo com o segmento privado e as autoridades dos EUA”, afirma o comunicado. “Pensar na aplicação da Lei de Reciprocidade é prematuro, uma vez que sequer houve uma reunião entre os governos de Brasil e EUA.”
A entidade reforça que medidas unilaterais como essa dificultam as negociações e prejudicam diretamente os exportadores brasileiros, em especial os do setor de café, produto que representa 16% das exportações totais do Brasil para os EUA e supre mais de 30% do consumo norte-americano.
Além disso, o Cecafé lembra que os cafés verdes (in natura), que compõem a maior parte das exportações do setor, não foram contemplados por programas de apoio recentes anunciados pelo governo federal, o que fragiliza ainda mais a cadeia produtiva nacional diante de possíveis retaliações.
Agenda intensa nos EUA
Na próxima semana, o Cecafé integrará uma comitiva brasileira coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que terá compromissos estratégicos nos Estados Unidos. A agenda inclui reuniões com a National Coffee Association (NCA), o Departamento de Estado dos EUA, escritórios de advocacy, além de participação em evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA, sediado na embaixada brasileira em Washington, e uma audiência pública sobre a taxação de produtos brasileiros.
A entidade ressalta que sua atuação tem como objetivo apresentar dados e argumentos sólidos para demonstrar a importância da cafeicultura no relacionamento entre os dois países e evitar que o setor seja penalizado por medidas políticas ou comerciais precipitadas.
“Ao invés de possibilitar um ambiente normal para os compromissos do setor privado, o início desse processo poderá colocar a comitiva brasileira em um ambiente turbulento, com ânimos ainda mais exaltados”, alerta o Cecafé.
Risco de retaliação ampliada
Por fim, o Conselho adverte que a aplicação da Lei de Reciprocidade pode desencadear uma tréplica do governo norte-americano, resultando em novas barreiras comerciais e ampliando a crise entre os dois países.
O Cecafé reforça seu compromisso com o diálogo e a diplomacia como caminho para solucionar impasses comerciais e preservar um dos setores mais relevantes da economia brasileira no cenário internacional.